Delatores da Operação Lava-Jato contaram ao Ministério Público Federal que foi negociado o repasse ao senador Aécio Neves (PSDB) de R$ 50 milhões, em acordo com a Andrade Gutierrez, após vencerem um leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007. Caberia à Odebrecht pagar R$ 30 milhões, e à Andrade, R$ 20 milhões, segundo notícia divulgada hoje no jornal Folha de S. Paulo.
Em nota, o senador mineiro disse que a acusação é “absolutamente falsa” e que a obra da usina de Santo Antônio foi realizada pelo governo federal, “sem qualquer influência do governo de Minas”. “Não é possível que acusações irresponsáveis como essa sejam feitas, aceitas e divulgadas sem um mínimo de comprovação. São vazamentos criminosos que precisam ser esclarecidos”, diz trecho da nota.
De acordo com a Folha de S. Paulo, os executivos não esclareceram se o dinheiro foi efetivamente pago nem disseram que era propina. Mas os depoimentos embasaram pedidos de inquérito apresentados na semana passada pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.
A hidrelétrica Santo Antônio é controlada por um consórcio que venceu o leilão em 2007, quando Aécio era governador. Entre as empresas que compõem o consórcio está Furnas – que seria uma área de influência de Aécio Neves, e detém 39%, sendo a principal acionista – e a Cemig, estatal controlada pelo governo mineiro.
O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa afirmaram em depoimento que as empresas fizeram acordo com o tucano porque queriam ter uma boa relação com duas das sócias da usina nas quais Aécio tinha influência: Furnas e Cemig.