Acordo previa a entrega de R$ 50 milhões para Aécio Neves, diz Odebrecht

Notícia publicada na Folha de S. Paulo revela que dinheiro foi negociado durante disputa para construção da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia. Aécio Neves nega as acusações

Isabella Souto
Delatores da Operação Lava-Jato contaram ao Ministério Público Federal que foi negociado o repasse ao senador Aécio Neves (PSDB) de R$ 50 milhões, em acordo com a Andrade Gutierrez, após vencerem um leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007.
Caberia à Odebrecht pagar R$ 30 milhões, e à Andrade, R$ 20 milhões, segundo notícia divulgada hoje no jornal Folha de S. Paulo.

Em nota, o senador mineiro disse que a acusação é “absolutamente falsa” e que a obra da usina de Santo Antônio foi realizada pelo governo federal, “sem qualquer influência do governo de Minas”. “Não é possível que acusações irresponsáveis como essa sejam feitas, aceitas e divulgadas sem um mínimo de comprovação. São vazamentos criminosos que precisam ser esclarecidos”, diz trecho da nota.

De acordo com a Folha de S. Paulo, os executivos não esclareceram se o dinheiro foi efetivamente pago nem disseram que era propina.
Mas os depoimentos embasaram pedidos de inquérito apresentados na semana passada pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal.

A hidrelétrica Santo Antônio é controlada por um consórcio que venceu o leilão em 2007, quando Aécio era governador. Entre as empresas que compõem o consórcio está Furnas – que seria uma área de influência de Aécio Neves, e detém 39%, sendo a principal acionista – e a Cemig, estatal controlada pelo governo mineiro.

O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa afirmaram em depoimento que as empresas fizeram acordo com o tucano porque queriam ter uma boa relação com duas das sócias da usina nas quais Aécio tinha influência: Furnas e Cemig. .