Parte das obras da Transposição do Rio São Francisco, do eixo Leste, foi inaugurada. A partir de agora, estão em jogo os desafios da solução para a seca do Nordeste. O projeto completo foi dividido em dois eixos.
O Norte, com percurso de aproximadamente 400km, tem ponto de captação próximo a Cabrobó, Pernambuco, e transportará as águas aos rios Salgado e Jaguaribe, para os sertões de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
No Leste, com 220km, as águas da barragem de Itaparica, no município de Floresta, Pernambuco, alcançarão o rio Paraíba e abastecerão parte do sertão e as regiões do agreste de Pernambuco e da Paraíba.
A expectativa é de que 12 milhões de pessoas serão beneficiadas quando todo o projeto estiver em funcionamento. Somente o trecho Leste, agora concluído, deve atingir 168 municípios da Paraíba e de Pernambuco e vai permitir que 4,5 milhões de nordestinos tenham acesso à água potável.
De acordo com o Palácio do Planalto, somente nos últimos 10 meses, foram injetados R$ 602 milhões no andamento das obras e, por isso, o trecho norte já está com 94,52% das obras concluídas. Nove dias após Michel Temer celebrar a conclusão do eixo Leste, os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff fizeram, ontem, uma reinauguração das mesmas obras.
O evento, além de várias autoridades do PT e de seus aliados, contou também com a presença do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), que foi ministro de Integração, há 10 anos, quando Lula tirou o projeto quase bicentenário do papel.
Esse trecho da obra, de mais de 400km, custou, até o momento, R$ 8,2 bilhões. Disputa no sertão Após uma carreata de 170km, que partiu de Campina Grande, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff chegaram a Monteiro (PB), às 14h.
Em meio a gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, o ex-presidente reivindicou a autoria da obra para sua gestão e de sua sucessora.
Dilma, que foi a primeira a falar à multidão, deu o tom político ao evento e deixou claro que Lula voltará em 2018. Ela chamou de “mentira” a inauguração feita em 10 de março pelo presidente Michel Temer e destacou: “Vamos nos encontrar na eleição direta de 2018”.
“Estamos vivendo um momento muito difícil no nosso país. São mentiras sistemáticas por alguém que nunca levantou um dedo pela transposição e agora vem aqui dizer que foi ele quem fez”, declarou Dilma, que também fez críticas à reforma da Previdência.
No dia em que esteve na Paraíba, o presidente Michel Temer disse que não disputa a paternidade da obra. “Eu não quero a paternidade desta obra. Ninguém pode tê-la”, disse ele. “A paternidade é do povo brasileiro e do povo nordestino. Vocês que pagaram impostos ao longo do tempo, vocês que permitiram que pudéssemos fazer grandes investimentos nessa obra, que, cada vez mais, está sendo festejada”, disse o presidente.