Acostumados a realizar sessões com as galerias praticamente vazias, os vereadores tiveram que enfrentar uma multidão furiosa com a aprovação e sanção na mesma semana pelo prefeito Porfírio Roberto, conhecido como Beto (DEM), de um projeto que reajustou os salários dos parlamentares de R$ 5.373 para R$ 5.673 em plena crise.
Além de não aceitar o aumento, que acabou revogado ontem mesmo, a população agora exige o corte dos subsídios. Proposto pela mesa diretora do Legislativo, o projeto de reajuste foi aprovado por sete dos 11 vereadores em caráter de urgência.
Depois da pressão, o vereador Everton do Faquines (PDT), que votou a favor do aumento, elaborou um novo projeto que estipula a redução dos salários dos vereadores pela metade. A população queria que a proposta fosse votada ontem mesmo. Os legisladores passaram então a sustentar que a Lei Orgânica não permite redução para atual legislatura, mas somente para a próxima.
O presidente da Câmara, vereador Pedro Batista Leite (DEM), disse que o projeto de corte dos salários foi enviado ao jurídico para ser analisado, pois a lei não permite que os salários sejam reajustados na mesma legislatura. Segundo ele, o aumento aprovado semana passada não se enquadra nesse quesito.
O argumento não foi aceito pelos populares, como o professor Kildo Santos, que discursou durante a plenária na Câmara. “Estamos aqui para pedir que vocês possam refletir sobre a proposta de redução em 50% do salário de vocês, proposta apresentada pelo vereador Everton. A gente sabe que tem todo o trâmite legal na Casa, sabemos que tem a lei que rege o município, mas estamos no lugar certo para modificar a lei. Se a Lei Orgânica impede a redução salarial para essa legislatura, a gente vai propor um projeto de emenda à lei para que se reduza desde já”, disse o morador em um vídeo da íntegra da sessão que circula pelas redes sociais. Assista um trecho da sessão.
A pressão das galerias começou a fazer efeito e alguns parlamentares já se manifestaram a favor da redução, como foi o caso do vereador Ismar Monteiro (PDT), que concordou que seus vencimentos são desproporcionais com a renda dos moradores da cidade. “Minha esposa dá aula em Bom Sucesso e em Ijaci e o salário dela fica longe do salário de um vereador, por isso, tem que ser reduzido mesmo”, também no mesmo vídeo.
Após muitos discursos, palavras de ordem, hino nacional, a sessão foi encerrada, com a promessa dos vereadores de analisar a redução na próxima reunião da Câmara, marcada para o dia 28. O anúncio fez com que os manifestantes se organizem para lotar de novo as galerias, como anunciou a lojista Marcia Avelar. “Nos meus 50 anos foi a segunda vez que entrei aqui na Câmara, por isso os vereadores fazem o que querem. Então o recado está dado. O povo de Bom Sucesso vai estar sempre nas galerias”, argumentou.
O presidente da Câmara disse que não ficou incomodado com a manifestação e nem com a convocação de novos protestos “Eu só acho que usaram algumas palavras que não deveriam ser usadas, mas respeitamos o direito das pessoas de se manifestarem”.
Uma a página no Facebook, batizada de Muda Bom Sucesso, já foi criada para convocar as pessoas para o protesto.