A obra começa a ser vendida nesta segunda-feira, e o ex-parlamentar quer que a editora suspenda a distribuição dos livros e recolha volumes que já tenham sido entregue às livrarias. A ação pede ainda uma indenização de R$ 100 mil por danos morais.
O livro é escrito em primeira pessoa e relata fatos supostamente vividos pelo deputado cassado na prisão, desde 19 de outubro do ano passado, quando foi preso pela Operação Lava-Jato.
Já na primeira página, o autor que usa o nome de Cunha se compara a Jesus Cristo: “Jesus também passou pelo que estou passando, e depois deu a volta por cima para cuidar do ser humano. O que está sendo posto em cheque agora, nessa nação abençoada por Deus, é o meu equilíbrio”, diz.
Em material divulgado à imprensa, a editora diz que o livro é uma sátira "de uma das figuras mais polêmicas da história recente do país".
Os advogados de Cunha acusam o livro de ser uma “fraude” que “induz ao erro”.
Em nota encaminhada ao Estado Minas, o editor de Diário da cadeia, Carlos Andreazza, afirmou que a obra é de ficção e que classificá-la como uma fraude "é manifestação de profundo desconhecimento sobre o que seja a natureza ficcional. Representa, aliás, um ataque à arte e ao artista".
Crlos Andreazzadisse ainda que o uso de pseudônimos é comum em obras literárias, assim como o uso de narrativas em primeira pessoa.
"Trata-se de um romance satírico que – em consonância com o espírito contemporâneo – dialoga com elementos da realidade. A inserção de nomes de pessoas que existem são comuns na literatura, sobretudo na atualidade: Marine Le Pen, por exemplo, foi personagem de um livro de Houllebecq, bem como ele próprio. Eu próprio sou personagem de “Diário da cadeia”. Ademais, sobre possível confusão no entendimento do que seja o livro (ainda que a editora tenha deixado claro tratar-se de livro de ficção), é impossível controlar o que as pessoas fazem ou sentem diante de uma obra artística. Muitos se emocionam diante de um quadro, outros não sentem nada diante desse mesmo quadro; há também quem tenha raiva. Eduardo Cunha, por meio de seus advogados, move uma ação, portanto, contra uma obra de ficção. Outro ponto importantíssimo é que se trata de um movimento contra um livro que Cunha e seus advogados não leram. Isso porque ninguém, fora da editora, o leu. O livro ainda não está disponível, não foi posto à venda, o que, a meu ver, torna a ação uma tentativa de censura prévia, o que fere a decisão histórica do STF", diz a nota. .