Indicação do novo subsecretário de Juventude em MG gera críticas de grupos do PT, PCdoB e PMDB

Miguel Ângelo pediu demissão do cargo na semana passada, abrindo uma disputa entre aliados do governo Fernando Pimentel

Alessandra Mello
Nilmário Miranda diz que é preciso abrir espaço para outros movimentos de jovens - Foto: Euler Júnior/EM/D.A Press

O pedido de demissão na semana passada do subsecretário da Juventude, Miguel Ângelo, abriu uma disputa entre os aliados do governo do estado pelo cargo.

O titular da pasta à qual a subsecretaria está ligada, Nilmário Miranda, secretário de Direitos Humanos, ainda não nomeou o substituto, mas já escolheu quem será o novo secretário, Leonardo Nogueira, do Levante Popular da Juventude, braço estudantil da Consulta Popular, organização política que atua nos moldes de um partido de esquerda apesar de não ter registro na Justiça Eleitoral.

As juventudes partidárias do PT, PCdoB e PMDB que atuam na subsecretaria não concordam com a nomeação e chegaram a entregar esta semana uma carta para o governador Fernando Pimentel (PT) e para a bancada dos partidos na Assembleia pedindo apoio para que ela não seja efetivada.

As três juventudes partidárias também divulgaram nota conjunta em que cobram “tranquilidade, diálogo e respeito” nesse processo de transição. Miguel Ângelo, em postagem de despedida do cargo no Facebook, aconselhou Nilmário a seguir a “orientação-mor” do governador Fernando Pimentel de “ouvir para governar”.

Rafael Leal, da União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, defende que a escolha do novo subsecretário seja “um processo de construção coletiva e democrática”. “O que não foi feito”, reclama.

Segundo ele, a decisão do secretário foi “unilateral”. Rafael alega que as juventudes querem que o substituto seja alguém que já atua na pasta, mas não revelou quem seria o nome.

Rafael afirma que  o Levante sempre foi um parceiro na construção das políticas da secretaria, mas alega que a organização é recente e não tem história consolidada na luta pelas políticas para os jovens nem engajamento suficiente para assumir essa tarefa.

“Nossa grande crítica é a condução unilateral do secretário nesse processo de transição. Ele usou a prerrogativa legal e a caneta do secretário para tomar essa decisão”.


O coordenador da Juventude do PT, Gustavo Aguiar, também criticou a escolha. Lotado na subsecretaria, ele defende que o nome seja escolhido de maneira coletiva. Segundo ele, a indicação não tem nem mesmo o aval das bancadas do PT, PMDB e PCdoB, principais apoiadores do governador no Legislativo e que tem representantes na subsecretaria.

“Respeitamos o Levante, mas não aceitamos que o processo seja conduzido dessa maneira”, afirma Gustavo.

SECRETÁRIO


O secretário Nilmário Miranda rebate os argumentos dizendo que as juventudes desses partidos já estão representadas dentro da pasta e que é necessário abrir espaço para outros movimentos que congregam jovens e estudantes, caso de Levante. “E o papel do secretário é substituir quem deixa o cargo de acordo com o projeto de governo”.

E, segundo ele, sua escolha não foi feita levando em conta os partidos e sim baseada na vocação das pessoas para o cargo. Para ele, o questionamento tem a ver com disputa de espaço dentro do governo.

O Levante Popular da Juventude disse que não se pronunciaria a respeito.

A reportagem tentou contato com representantes da Juventude do PMDB, mas não obteve retorno das ligações.

Leonardo Nogueira não foi localizado para comentar sua provável nomeação para o cargo.

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