Kalil define nova estratégia para fazer reforma administrativa

Em vez de bater de frente com os vereadores, Kalil opta pelo diálogo para conseguir aprovar as mudanças na administração. Líder do governo confirma fase mais 'política' do prefeito

Marcelo da Fonseca
Léo Burguês (PSL), líder do governo: "Vou fazer a defesa dos projetos da prefeitura na Casa, mas Kalil quer manter um canal direto com os vereadores, com trânsito livre" - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 1/2/17
Depois de sofrer derrotas na Câmara Municipal nos primeiros meses do ano, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), decidiu mudar a estratégia para aprovar o projeto de reforma administrativa.


Nos últimos dias, Kalil tem escalado secretários e até se reunido pessoalmente com os vereadores para discutir os pontos do projeto e tirar dúvidas sobre as mudanças propostas. Somente depois de conversar com os parlamentares a prefeitura vai protocolar a reforma no Legislativo.

No projeto de reforma estão previstas a remodelagem de empresas públicas da capital mineira, como a BHTrans, a Prodabel e a Belotur, além da redução de cargos comissionados e extinção das nove regionais, que perdem o status de secretarias.

A tática de negociar os pontos da reforma pessoalmente com os vereadores deve se arrastar pelas próximas semanas e a intenção da prefeitura é que no final de abril o projeto esteja pronto para ser protocolado.

O líder de governo na Câmara, vereador Léo Burguês (PSL), aposta na nova relação da PBH com os vereadores para que o projeto finalmente avance. “Todos os secretários que participam dessa reforma estão apresentando aos vereadores os detalhes do texto, discutindo várias questões e tirando dúvidas. A intenção é que ela seja debatida com toda a transparência necessária”, explica Burguês.

- Foto: Segundo ele, a estratégia de discutir o projeto antes de apresentá-lo oficialmente não impedirá que emendas sejam incluídas no texto ou que novas audiências públicas sejam convocadas. Burguês ressalta, no entanto, que a reforma foi uma das principais bandeiras da campanha de Kalil e que atende aos principais anseios da população, por isso a intenção é que seja votada rapidamente. “A pressa em aprovar essas mudanças é da população de BH. O corte de cargos comissionados foi um tema forte da campanha e as pessoas sabem que é preciso uma economia por parte do setor público com suas despesas”, diz o vereador.

Contato


Na liderança de governo desde a semana passada, Burguês afirma que Kalil deixou claro que pretende manter um contato direto com os vereadores. O prefeito não quer que as conversas sobre projetos e demandas fiquem restritas ao secretário de Governo, Paulo Lamac, à secretária de Assuntos Institucionais, Adriana Branco, ou ao próprio líder de governo na Câmara.

 Nos últimos dias, Kalil e alguns secretários receberam os vereadores quase diariamente.

Entre os temas discutidos estão questões ligadas aos direitos dos animais, alterações no trânsito em alguns bairros e o cadastramento de ambulantes. “Vou fazer a defesa dos projetos da prefeitura na Casa, mas Kalil quer manter um canal direto com os vereadores, com trânsito livre”, conta Burguês.

 Desde o início do ano, o vereador tem defendido projetos da prefeitura na Câmara, onde a maioria dos parlamentares se diz independente, com alguns vetos do prefeito derrubados e propostas rejeitadas. Após uma derrota, o ex-líder Gison Reis (PCdoB) entregou o cargo e a prefeitura ficou mais de um mês sem interlocução no Legislativo.

 Segundo Burguês, a sua relação com Kalil é antiga. “Fui conselheiro do Atlético junto com o prefeito, conheço sua maneira de trabalhar. Defendi o clube na época em que a CBF tentou nos impedir de disputar a Copa Sul-Americana. Fiz uma moção de persona non grata contra Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF)”, diz Burguês. A moção contra Teixeira foi aprovada pela Câmara de BH em 2003. Meses depois, a CBF voltou atrás e liberou a participação do Atlético no torneio internacional.

 

Coxinha ‘é caso superado’


Logo que foi anunciado líder de Kalil na Câmara, muitos eleitores dispararam críticas nas redes sociais contra a prefeitura, lembrando que Léo Burguês tem polêmicas em seu currículo político. Em 2012, como presidente da Câmara, ele foi acusado de ter comprado com a verba indenizatória lanches da mercearia de sua madrasta. A polêmica rendeu até marchinha de carnaval. O vereador afirma que o assunto já foi superado e esclarecido. “Não houve indiciamento pelo Ministério Público, não houve nada. O que teve destaque foi a música.

Mas não tenho nenhum problema com isso. A marchinha ficou realmente muito bacana. Como incentivador do carnaval em BH só posso ficar feliz e incentivar a criatividade das pessoas”, afirma Burguês.

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