A advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB), chegou na noite desta quarta-feira, 29, em seu apartamento no Leblon, na zona sul do Rio, onde passará a cumprir prisão domiciliar. A ex-primeira-dama do Estado deixou o Complexo Penitenciário de Gericinó (Bangu), na zona oeste do Rio, conduzida pela Polícia Federal em um veículo identificado, escoltado por outro.
A Rua Arístides Espinola, onde fica o apartamento de Adriana, tem desde o início da tarde uma grande concentração de jornalistas e curiosos. Havia cerca de 40 pessoas quando Adriana chegou, e foi recepcionada por eles aos gritos de "ladra, volta pra cadeia". Algumas pessoas xingaram e jogaram garrafas plásticas na viatura policial.
O desempregado Edson Rosa, 47 anos, aguardava a chegada de Adriana Ancelmo com cartazes de protestos. Ele diz que costuma frequentar manifestações no Rio por não tolerar mais a corrupção: "Temos que mostrar nossa insatisfação". O porteiro do prédio de Adriana, que não se identificou, contou que, como a Justiça determinou que ninguém tenha acesso a internet ou telefone enquanto esteja dentro do imóvel de Adriana, uma caixa na entrada do prédio está sendo usada para que os quatro funcionários da família Cabral deixem seus celulares. Isso está ocorrendo há mais de três dias. Os filhos e familiares do casal também estão deixando seus aparelhos na portaria.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, emitiu nesta quarta o alvará de soltura de Adriana. Bretas autorizou a mudança para a prisão domiciliar em 17 de março, mas a decisão foi suspensa pelo desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Na última sexta-feira, 24, a defesa de Adriana conseguiu a manutenção da decisão de Bretas no Superior Tribunal de Justiça.
Bretas encaminhou também nesta quarta-feira um comunicado ao desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. "Reitero os termos da decisão (de 17 de março) esperando que a mesma, caso mantida, possa servir de exemplo a ser aplicado a muitas outras acusadas grávidas ou mães de crianças que delas dependem e que respondem, encarceradas, a ações penais em todo o território nacional", escreveu no documento.