A mulher do senador Lasier Martins (PSD-RS) afirma ter sido agredida pelo marido em meio a uma discussão, na última terça-feira (28).
Com lesões aparentes pelo corpo, a jornalista Janice Santos prestou queixa na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), na 204 Sul, e realizou exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Ela acusa o parlamentar de lesão corporal e injúria, e diz que esta não foi a primeira vez que sofreu agressões de Lasier.
O senador, por sua vez, nega as acusações e afirma que apenas “reagiu para se defender”, pois, segundo ele, Janice teria partido para cima com um objeto de metal. Além disso, o congressista alega que ela própria se feriu para forjar a situação.
Eles são casados há quase cinco anos e estão em processo de separação. No depoimento prestado à Polícia Civil, por volta das 10h de terça, a jornalista levou a empregada doméstica da residência, que presenciou a cena, para servir como testemunha.
Não é a primeira vez
De acordo com Janice, 38 anos, ela já havia sofrido agressões em outras oportunidades, mas não tinha avisado a polícia. Desta vez, porém, decidiu detalhar o caso e garantiu que se trata de um homem “violento e agressivo”.
Ela afirma que sofreu chutes nas pernas e que segurava um porta-joias no momento da briga e teve a mão pressionada contra o acessório, o que também deixou lesões aparentes. Janice contou que, mais de uma vez, foi xingada e humilhada pelo marido.
“Dizia que eu era burra, que não entendia nada de política, apenas de moda”, além de chamá-la de “chantagista e paranoica”, segundo relato dado na delegacia. Em outra briga, logo após ela ter passado por um processo cirúrgico na barriga, ele teria chutado a região recentemente operada.
Lasier Martins confirma que está em processo de separação e que ela quer “chantageá-lo” com “denúncias falsas”. “Ela partiu para cima de mim e eu apenas reagi para me defender, sem agredi-la. Ela mesmo se cortou e passou sangue em mim. Ela é louca. Está me chantageando por conta do divórcio. Não tenho dúvida de que a polícia vai apurar o caso e concluir que não fiz absolutamente nada”, argumenta.
O relato do senador dá outra versão sobre o fato de a doméstica ter comparecido à Deam. “No dia da briga, ela saiu de casa e levou a empregada na delegacia. Mas a doméstica se recusou a ser testemunha, pois sabe que é tudo mentira. A funcionária lá de casa, inclusive, me procurou no meu gabinete para dizer que havia se recusado a mentir para a delegada. Ela estava no local e não viu nenhuma agressão, pois isso não aconteceu”, afirma.
Antes de entrar na vida política, quando se elegeu senador na primeira eleição que disputou, em 2014, Lasier era um dos principais jornalistas da filial da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Segundo o próprio contou em entrevistas na época em que anunciaram o início do relacionamento, ele a conheceu em Passo Fundo (RS), em 2012, quando esteve na cidade para mediar debates eleitorais. Janice era a âncora do Jornal do Almoço, o noticiário do meio-dia, da sucursal da emissora naquela região. O Correio entrou em contato com a advogada de Janice, que preferiu não comentar o assunto.
Memória
Um choque bem famoso
Comunicador no Rio Grande do Sul, Lasier Martins ganhou fama no país por conta de um vídeo em que toma um choque e cai no chão ao encostar em uma parreira energizada, durante uma transmissão ao vivo da Festa da Uva, em 2000. O vídeo está disponível em uma rede social desde 2006 e já foi visto mais de 4 milhões de vezes.
Lasier decidiu estrear na política em 2014, seguindo o exemplo da companheira de parlamento, Ana Amélia Lemos (PP-RS), que fez caminho parecido, trocando a televisão pela política, em 2010.
No fim de 2013, ele se desligou do veículo de comunicação, onde estava desde 1986, e se filiou ao PDT para disputar uma vaga no Senado. Desde o início do mandato, porém, Lasier enfrentava o comando nacional do PDT e o ápice do desentendimento foi quando ele votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Em janeiro deste ano, ele migrou para o PSD.
O casal havia se envolvido em outra polêmica no início de 2014, quando Lasier era pré-candidato ao Senado e Janice acabou nomeada para um cargo comissionado no gabinete da presidência da Assembleia Legislativa gaúcha, presidida, à época, por um companheiro de partido. Com salário bruto de R$ 12 mil, ela estava em uma função que recebia o terceiro nível mais alto de remuneração no legislativo gaúcho. Janice acabou exonerada cerca de um mês depois.