Os depoimentos vão ocorrer às 9h, no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Até agora, já foram ouvidas 52 testemunhas, entre elas dez ex-executivos da Odebrecht.
Relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin homologou na última terça-feira, 4, o acordo de colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal (MPF) e os três. O pedido para que eles fossem ouvidos pelo TSE veio do vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino.
A defesa de Dilma pediu na quinta-feira, 6, ao TSE acesso às delações premiadas dos três. Os advogados dos delatores informaram que não podem comentar sobre o teor do acordo de colaboração premiada, que está ainda sob sigilo.
Os depoimentos de ex-executivos da Odebrecht prestados ao TSE no mês passado mostram que as delações premiadas do casal devem revelar detalhes do caixa 2 em campanhas do Brasil e no exterior realizadas de 2008 a 2014.
Relação
Ao TSE, Maria Lúcia Tavares, Luiz Eduardo Soares, Fernando Migliaccio, Hilberto Mascarenhas e o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht revelaram detalhes da relação da empreiteira com o casal, conhecido pelo codinome "Feira".
No dia 1.º de março, Marcelo Odebrecht disse ao TSE que, no caso de Santana, os pagamentos do setor de propina representavam a maior parte do que era destinado ao PT. "E aí é um processo que começo lá trás - estou falando de 2008 - onde eles procuravam acertar com a gente um valor e a gente dar um conforto ao João Santana, que ele recebia", afirmou.
Primeira delatora a falar sobre as atividades do departamento da propina, a secretária Maria Lúcia Tavares organizava todos os pagamentos semanais, elencados por valor, codinome do destinatário, nome da conta do operador e senha. Mesmo com acesso aos sistemas de informática utilizados pelo departamento de propina ela conhecia apenas um codinome da lista da Odebrecht: "Feira".
Em depoimento ao TSE em 6 de março, Mascarenhas afirmou que foram pagos entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões para Mônica. Segundo o delator, foram feitos pagamentos ao casal por campanhas no Brasil de 2010, 2012 e 2014 e também por serviços realizados no exterior.
"Pessoas de países que nós trabalhávamos, como Angola, Panamá, El Salvador, queriam eles na campanha deles.
Em espécie
De acordo com Migliaccio, havia uma sistemática para o pagamento realizado a Mônica no Brasil - preferencialmente em reais e em dinheiro em espécie.
"Ela (Mônica Moura) também tinha demandas específicas, tipo: 'eu preciso dessa semana, mas é para Venezuela'; 'do Brasil pode atrasar duas semanas'; 'não, não, El Salvador tem que ser essa'. Então, eu tinha que me organizar. Eu sabia exatamente que nós pagamos eleições, pagamos o trabalho dela nas eleições - muito bem feito, por sinal, o trabalho dela - de El Salvador, Venezuela, Angola, Brasil, República Dominicana e Panamá", detalhou Migliaccio.
Em fevereiro, o casal foi condenados pelo juiz federal Sérgio Moro por crime de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ambos foram condenados a oito anos e quatro meses de prisão..