São Paulo, 13 - O empresário Marcelo Odebrecht afirmou, em delação premiada à Lava Jato, que a Odebrecht contratou, no âmbito de obras no em Angola financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresa do sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues, a pedido do ex-presidente. De acordo com o ex-presidente do grupo, o parente do petista criou a Exergia sem ter experiência na área de construção e somente para fazer uso da influência de Lula.
Além do depoimento de Marcelo Odebrecht, a deleção de executivos da empresa - Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, Antônio Carlos Dahia Blando e Ernesto Sá Vieira Balardi - embasou petição do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro relator da Operação Lava Jato. O Ministério Público Federal pediu para que o caso fosse encaminhado à Justiça Federal e à procuradoria da República no Paraná.
O ex-presidente Lula já é réu em processo, acusado de intermediar contratos para a empresa do sobrinho com a Odebrecht, em obras realizadas em Angola, com financiamento do BNDES. Taiguara Rodrigues criou a empresa Exergia em 2009 e chegou a receber R$ 20 milhões, entre o ano de fundação da empresa e 2015.
Além de ser acusado de intermediar os contratos para o sobrinho, Lula também foi denunciado por atuar junto ao BNDES para a liberação dos financiamentos das obras em Angola. O caso está sob julgamento do juiz Vallisney de Souza Oliveira 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília.
'Serviços'
"Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam que o Grupo Odebrecht, entre os anos de 2011 a 2014, teria contratado a empresa Exergia, de propriedade Taiguara Rodrigues (sobrinho do ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva), objetivando prestação de serviços em Angola.
Esclarecem, nesse contexto, que a referida contratação constituiria atendimento a pedido formulado pelo próprio ex-Presidente, acrescentando que a empresa Exergia não detinha experiência no ramo de construção e seria constituída por Taiguara Rodrigues tão somente para fazer uso da influência do ex-presidente da República.", afirma Fachin.
Acolhendo pedido da Procuradoria-Geral da República, o ministro relator da Operação Lava Jato no Supremo deferiu o pedido da PGR para encaminhar as delações à Seção Judiciária do Paraná e à Procuradoria da República do Paraná. "Toda investigação deverá ser mantida em sigilo até 3 de maio de 2017", determinou Fachin.
Defesa
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou nesta quarta-feira, por meio de nota, que os delatores fazem "acusações frívolas, pela ausência total de qualquer materialidade". "O que há são falas, suposições e ilações - e nenhuma prova. As fantasiosas condutas a ele atribuídas não configuram crime", disse o defensor do ex-presidente. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.