"É aquela história: você cria uma relação que é errada, uma relação que não deveria precisar. A maior parte das empresas que não tem esse acesso (direto ao ministro) não consegue nem resolver seus problemas. Na verdade, de certo modo ele (Mantega) me escutava, me dava acesso à agenda, eu podia ter reuniões com ele duas vezes por semana. É óbvio que eu também tinha essa facilidade porque eu era um grande doador", disse Marcelo.
"As coisas que a gente levava (a Mantega) eram até coisas legítimas, pra destravar um financiamento, é o orçamento do Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarino). Eu não pedia nada a ele que não fosse correto, agora o errado está em que eu tinha o acesso a ele baseado em eu ser um grande doador. A grande ilicitude está aí. A gente acaba racionalizando de uma maneira errada.
Segundo Marcelo Odebrecht, quando Mantega o chamava para alguma reunião, já se sabia que "era para fazer o pedido de alguma coisa". "Ele (Mantega) me chamava pra dizer 'Preciso que você autorize cinco pro Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT), ou não sei quanto' e eu aí eu aproveitava que ele tinha me chamado e já metia uma pendência que eu tinha na época", detalhou o executivo.
"Por exemplo, muitas vezes eu ia lá fazer pedido, e no final da reunião, (Mantega dizia) "Mas tem aquele nosso amigo, o Vaccari, o João Santana, precisa de 10 a 20". Não era um vínculo direto, mas era como se fosse uma relação de mão dupla que ele tinha em mim um grande doador e eu tinha uma agenda e um acesso a ele", comentou Marcelo..