Na delação, o ex-executivo fala das intenções da empreiteira ao realizar a doação. Questionado por procuradores da República sobre o que a Odebrecht esperava de Aloysio, o delator responde: "Que, se eleito, tivesse uma relação de confiança conosco, tivesse fluidez nas demandas que a gente fizesse, de receber-nos, de ajudar em assuntos que estivessem na alçada que ele pudesse contribuir".
BJ, como era chamado na empresa, era um dos principais autorizadores de pagamentos não oficiais. No caso de Aloysio, o repasse foi feito pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como o departamento da propina do grupo.
Em 2010, BJ foi procurado por Carlos Armando Paschoal, executivo responsável por demandas de São Paulo, com a solicitação do pagamento a Aloysio Nunes. "O Carlos ponderou que ele era uma pessoa proeminente do PSDB em São Paulo e que a companhia deveria fazer a doação. Eu autorizei", diz BJ. O delator diz que não tem ciência de demandas levadas a Aloysio Nunes pela empreiteira.
Carlos Armando Paschoal, no entanto, relata na delação que na época em que foi procurado por Aloysio - então chefe da Casa Civil do governo de São Paulo - , a Odebrecht estava em negociações com a Dersa sobre aditivos contratuais na obra do Rodoanel.
Quando o tucano pediu doação à campanha ao Senado, Paschoal comentou sobre as pendências com a Dersa e Aloysio se comprometeu a interceder a favor da empresa, segundo descreve a Procuradoria-Geral da República (PGR) no pedido de abertura de inquérito encaminhado ao STF. Aloysio é investigado por suposta prática de corrupção passiva.
O pagamento à campanha do tucano foi feito em dinheiro, no Brasil, em duas parcelas de R$ 250 mil cada uma.
Defesa
O ministro Aloysio Nunes Ferreira tem repetido que as acusações são mentirosas, mas só vai se manifestar depois que tiver acesso formal ao conteúdo do pedido de inquérito..