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Estado de Minas

O que disseram os delatores da Odebrecht

Declarações bombásticas dos executivos expuseram funcionamento do esquema de repasses de dinheiro a partidos, políticos e lobistas que se intensificou na última década


postado em 17/04/2017 06:00 / atualizado em 17/04/2017 07:36

Foram mais de 270 horas de depoimentos de 77 executivos delatores que colocaram na mira da Justiça oito ministros do governo Temer, três governadores, 24 senadores, 39 deputados federais e até um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), num total de 98 pessoas. Na maior delação da história do país, os executivos do Grupo Odebrecht estarreceram o país e levaram o Supremo Tribunal Federal (STF) a abrir 76 inquéritos nas investigações da Operação Lava-Jato.


Os depoimentos mostram que em nove anos a empreiteira destinou mais de R$ 10 bilhões em propinas para políticos de 26 dos 35 partidos, empresários, lobistas, sindicalistas e lideranças indígenas. Tudo para atender aos interesses do gigante da construção pesada. E mais: os depoimentos deixaram claro que o uso do caixa  dois no financiamento das campanhas eleitorais é uma prática corriqueira adotada no país há três décadas.

O “departamento de propina” da Odebrecht realizava os pagamentos de duas formas: em espécie no Brasil (por meio de pacotes ou malas entregues em locais predeterminados) ou em contas bancárias no exterior. As negociações eram feitas nos gabinetes e salas de reuniões dos principais nomes da política nacional. Uma planilha detalhava os repasses aos codinomes adotados para cada beneficiário.


O megaesquema de corrupção é relatado com um certo ar de naturalidade pela  cúpula da Odebrecht, e gerou frases memoráveis – e aqui não se trata de um elogio. O Estado de Minas reproduz abaixo declarações que viraram marcas na história do Brasil. Todos os políticos e partidos citados pelos delatores negam as acusações de recebimento ilegal de recursos.

 

CAIXA 2 NAS CAMPANHAS

(foto: Internet/Reprodução)
(foto: Internet/Reprodução)

"Vamos agora deixar de historinha, de conto de fadas e falar das coisas como elas são: Está na hora de a gente dizer a verdade de como a coisa suja é feita. Não é possível que um ministro da Fazenda fique pedindo dinheiro todo mês a um empresário"

"Não é possível que R$ 300 milhões pagos em seis anos sejam doação de campanha. Na nossa visão, são propina e crime de corrupção"
Sergio Bruno Cabral Fernandes, procurador

"Eu não conheço nenhum político no Brasil que tenha conseguido fazer qualquer eleição sem caixa 2. Não existe ninguém no Brasil eleito sem caixa 2"

“No que tange a caixa 2, tanto Lula quanto Dilma, eles tinham conhecimento do montante, não necessariamente do valor preciso, mas da dimensão de todo o nosso apoio ao longo dos anos”
Marcelo Odebrecht,  ex-presidente da Odebrecht     
 
“Ajuda de campanha eu sempre dei a todos eles. E a ele (FHC) também dei. E com certeza teve ajuda de caixa oficial e não oficial”

"Os partidos colocavam seus mandatários com a finalidade de arrecadar recursos para o partido e os políticos. Há 30 anos se faz isso”
 Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da Odebrecht

“O caixa 2 que ele estava se conseguindo gerar não estava sendo capaz de atender à demanda”
Henrique Valadares, executivo da Odebrecht


DOAÇÕES PARA O PSDB

(foto: Internet/Reprodução)
(foto: Internet/Reprodução)

"Aécio tinha chance de ir para o segundo turno, mas precisava um fôlego na véspera, de recurso. E ele pediu um encontro comigo. Eu falei: 'Aécio, é complicado. Eu não posso aparecer doando para você até na véspera mais do que para Dilma"  
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht 

"O 'Vizinho” ficou conhecido como Serra. O vizinho, consegui detectar só R$ 4,67 milhões.
Fábio Gandolfo, executivo da Odebrecht

“Considerando Geraldo Alckmin, candidato ao governo do estado de São Paulo em 2010, com objetivo de promover investimentos na área de infraestruturas, o que era de interesse da companhia, foi realizada contribuição por meio de caixa 2, em espécie”
Benedicto Jr, executivo da Odebrecht

DOAÇÕES PARA O PT


“Lembro, em uma dessas ocasiões, de ter dito ao então presidente (Lula) que o pessoal dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré para crocodilo”.


“Lembro de, algumas vezes, ter dito a ele (Lula) algo como: 'Presidente, seu pessoal quer receber o máximo possível, e meu pessoal quer pagar o mínimo necessário”

Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de dministração da Odebrecht

PROPINA PARA O PMDB

"Doutor, chegando lá, eu soube que se tratava do escritório político do senhor Michel Temer, à época candidato a vice-presidente da República na chapa com a Dilma"

"Eduardo Cunha explicou: 'O pessoal tá num processo de contratação, ICMS, com a Petrobras, de retorno internacional, e tem o compromisso de que, se realmente for adjudicado esse contrato, vai ter uma contribuição muito importante para o partido”

“Totalmente vantagem indevida, porque era um percentual bem cima de um contrato. Ninguém falou em diretório municipal, estadual, federal, nada. Era um percentual em cima do contrato”
Márcio Faria, executivo da Odebrecht

“Eduardo Cunha disse: ‘Um amigo meu, casado com uma mulher bonita, gostosa, não dormia em casa, chegava muito tarde, viajava muito, sempre cansado. Até o dia em que a esposa vira para o marido e diz: ‘Olha meu amigo, aqui em casa se faz sexo todo dia, contigo ou semtigo’”.
Roberto dos Santos Araújo, executivo da Odebrecht, referindo-se a uma ameaça de Cunha em forma de piada

LULA


"Emílio, o Lula não tem nada de esquerda. Ele é um bon vivant"....
Emílio Odebrecht, ao relatar diálogo que mantivera com o general Golbery do Couto e Silva, nome forte da ditadura no Brasil, sobre Lula

"É verdade – ele (Lula) gosta da vida boa, uma cachacinha. A coisa que ele mais quer é ver a população carente sem prejuízo, essa é que é a visão mais correta dele. Não é tirar de um para dar ao outro, não, (mas) como pode, (mas) como pode, aquele que pode, ajudar o outro a crescer"


'AMIGO'


A gente botou R$ 40 milhões que viriam para atender demandas de Lula. Lula nunca me pediu diretamente. Eu combinei via Palocci. Óbvio, ao longo dos usos, ficou claro que era realmente para o Lula. O Palocci me pedia para descontar do saldo 'amigo'."

“A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos provisionar uma parte desse saldo; aí botamos R$ 35 milhões no saldo 'Amigo', que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula"
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht


SÍTIO DE ATIBAIA

(foto: Ari Kaye/JCOM/D.A Press)
(foto: Ari Kaye/JCOM/D.A Press)

"No penúltimo dia de mandato do Lula, estive com ele no Palácio do Planalto. E eu disse: 'Olhe, chefe, você vai ter uma surpresa. Vamos garantir o prazo que tínhamos naquele programa lá do sítio'. Ele não fez nenhum comentário, mas também não botou surpresa"
Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da Odebrecht

 

 

 


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