O evento, promovido pela Escola de Direito de Brasília do Instituto Brasiliense de Direito Público (EDB/IDP) e pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), ocorre também nesta quarta e quinta-feiras (19 e 20) e conta com uma série de participantes brasileiros. "Vamos cruzar os braços por causa disso ou vamos jogar fora aquilo que foi feito desde o século XIX? Não, vamos ter que adaptar, vamos ter que adaptar as nossas instituições ao modo de viver contemporâneo", afirmou o tucano.
FHC questionou, então, como é que se pode fazer democracia sem partidos. Disse que não daria muitos detalhes, mas que recomendou à sua própria legenda que organizasse diretórios virtuais. "Ninguém vai sair de casa para decidir o pequeno poder político dentro do partido. Ninguém quer saber quem é o deputado, o presidente do diretório... Isso não está interessando à população", concluiu, acrescentando que, como presidente de honra, não tem poder nenhum dentro da agremiação tucana "graças a Deus".
O ex-presidente ressaltou que, atualmente, as pessoas se conectam de outra maneira, então é preciso abrir uma brecha.
Fernando Henrique explicou que um deles (Fernando Collor de Melo) era conhecido como de direita e a outra (Dilma Rousseff), de esquerda. "Esses termos são confusos hoje e não correspondem ao que significavam no século passado. Os deputados não correspondem nem a uma coisa e nem a outra. São os mesmos interesses corporativos e outros que estão circulando no Congresso o tempo todo", avaliou.
FHC contou que, quando era presidente, ficou "chocado" algumas vezes. "Quando você vai discutir com os partidos, cadê os partidos? Não, aqui é a frente governista, que vai eventualmente para direita ou esquerda. Outra é da frente da saúde pública, a outra é da frente de não sei o quê. Você não está discutindo com o partido, você está discutindo com causas ou interesses organizados a partir daquela fragmentação", relatou.
O ex-presidente disse ainda que a estrutura que existe encaixando todos esses interesses está mantida. Para ele, o momento é complicado no País, mas é um bom momento para quem está fazendo política porque dá para pensar como é que vai se organizar tudo isso mais à frente. "Essa coisa de ter sido sociólogo é complicado. Você sabe das coisas, ou pensa que sabe. E, no pensa que sabe, erra", disse. "É difícil projetar um processo decisório daqui para a frente", completou..