Moreira, que é apontado por delatores de ter intermediado repasses milionários para campanhas do PMDB, disse que o setor sofreu forte instabilidade na última década, por causa de erros de políticas e intervenções realizadas pelo governo.
Batizado na lista de recebimento de propinas da Odebrecht como "Angorá", Moreira Franco fez uma palestra na manhã de quarta-feira, 26, no evento "Panorama Atual e futuro da indústria de óleo e gás no Brasil", em Brasília. O ministro nega as irregularidades apontadas pelos delatores.
Moreira Franco deixou o evento logo após a sua apresentação e saiu pelo prédio lateral do evento sem falar com a imprensa. A agenda original do encontro contava com a abertura pelo presidente Michel Temer, além da presença dos ministros Henrique Meireles (Fazenda), Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Sarney Filho (Meio Ambiente), e dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Nenhum deles, porém, compareceu ao evento.
Em sua apresentação, Moreira Franco ressaltou a preocupação do governo com a agenda de reformas no Congresso, como a Previdência. "A não aprovação transformará o País num Estado do Rio de Janeiro", disse. "A gravidade da questão previdenciária é de tal monta, que não haverá recursos para que o governo possa cumprir com suas obrigações, como ocorre no Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul."
Moreira Franco, que foi ministro no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, destacou os resultados de leilões de concessões e os números mais recentes da economia para sinalizar que, apesar da lentidão, a situação do País começa a dar sinais de recuperação. Neste ano, estão previstos quatro leilões do setor de óleo e gás.
O ministro disse que o esforço pela aprovação das reformas estruturais do País ocorre "em um momento de nossa história em que o parlamento nunca foi tão desmoralizado como estamos vendo agora". Moreira destacou, no entanto, que o governo tem conseguido fazer um grande número de aprovações nos últimos 11 meses do Governo Temer, por causa, segundo ele, da proximidade do presidente com o Congresso.
"A recessão está acabada, já ultrapassamos a cabeceira da ponte e temos que fazer a travessia", comentou Moreira Franco. "Temos que ter a inteligência de formular uma estratégia de crescimento que seja sustentável", completou..