Debaixo de chuva, manifestantes começam a se concentrar na manhã desta sexta-feira na Praça da Estação, Centro de Belo Horizonte. Grupos da Cut, servidores do Judiciário, Correios e outras categorias aguardam embaixo de marquises. Também vieram se manifestar religiosas e pessoas comuns.
A dona de casa Cátia Xavier, 55 anos, diz que está perto de se aposentar mas está preocupada com os filhos. "Estamos voltando uns 100 anos, tudo que conquistamos estamos perdendo: férias, 13o, e vem a terceirizacao, isso é um absurdo, uma escravidão ", afirma. Cátia se revolta com a baixa presença de populares na praça. "Era pra estar todo mundo aqui. É melhor perder um dia de trabalho do que a aposentadoria", disse.
A irmã Cecília veio com um grupo da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. "Viemos protestar porque do jeito que está o país não está legal. Os direitos dos trabalhadores estão sendo destruídos de uma hora para outra", afirmou. A irmã afirma que a fundadora da congregação, Santa Paulina, deixou-lhes a missão de servir os mais necessitados. " Estamos junto com aqueles que precisam para defender a vida. Aqui é um espaço para isso", diz.Os carros de som tocam músicas com mensagens contra a reforma da Previdência.
No dia de paralisação geral, quem aproveitou para trabalhar no protesto contra a reforma da Previdência foram os ambulantes. Pelo menos quatro deles circulam na manhã desta sexta-feira na praça da estação vendendo capas de chuva.
O vendedor Marco Antônio trouxe 300 capas para vender a R$ 5. E todos estão comprando. "Sou trabalhador informal, vivo da oportunidade", justifica, sem causar revolta dos que defendem a greve. "Ele está vendendo o kit Fora Temer", diz um manifestante. Marco Antônio faz questão de dizer que é contra as reformas de Temer. "Quem for a favor de um negócio desses não é brasileiro. Estão doidos pra prender o Lula mas ele vai voltar", diz.
Segundo a presidente da CUT, Beatriz Cerqueira, são mais de 60 atos acontecendo em Minas Gerais. Ela destaca a grande adesão dos trabalhadores paralisados. “Tivemos vários atos tançados agora pela manhã”, afirmou. “É a maior mobilização que já fizemos. Não tem como o Temer e o congresso ignorarem o que está acontecendo hoje”, completou.