Executivo dá relógio de R$ 50 mil de presente a Geddel Vieira

Executivo da Odebrecht entregou ao MP o recibo de compra de um relógio suíço que ele diz ter dado a Geddel Vieira Lima, quando ele era ministro de Lula, como lembrança de aniversário

Estado de Minas

- Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil


O executivo Cláudio Melo Filho, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava-Jato, entregou ao Ministério Público Federal o recibo da compra de um relógio suíço Patek Philippe, dado de presente ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo/Michel Temer) em março de 2009. Na nota fiscal da H.Stern consta o valor de R$ 50 mil. Naquele ano, Geddel exercia o cargo de ministro da Integração Nacional do governo Lula.

Cláudio Melo Filho relatou à Lava-Jato que o presente foi dado a Geddel pelo aniversário de 50 anos do então ministro. “Em março de 2009, demos, em nome da Odebrecht, um presente relevante a ele”, afirmou o delator no anexo de sua delação. Geddel Vieira Lima não se manifestou sobre a acusação.

“Compramos um relógio Patek Philippe, modelo Calatrava, que foi enviado com um cartão assinado por Emílio Odebrecht, Marcelo Odebrecht e eu. A compra se deu na loja H. Stern em São Paulo e foi efetivada pelo escritório de Brasília. Conforme nota fiscal, o relógio custou R$ 50 mil.” Geddel é alvo de duas petições decorrentes da delação da Odebrecht.
Uma deverá ser enviada à Justiça Federal da Bahia e outra à Justiça Federal do Piauí. A investigação remetida à Bahia apura pagamentos de vantagens indevidas a Geddel “em virtude dos contratos referentes ao Transporte Moderno de Salvador II” e também repasse de valores “a pretexto de contribuição de campanha nos anos de 2006 e 2014”.

Neste caso, Cláudio Melo Filho narrou contrapartida consistente em apoio para a aprovação da Medida Provisória 252/2005. A petição enviada ao Piauí aponta dois pagamentos em favor de Geddel, no valores de R$ 155 mil em 13 de julho de 2010 e de R$ 55 mil em 21 de setembro de 2010. Os repasses estariam ligados à obra Tabuleiros Litorâneos da Parnaíba. A reportagem procurou a defesa de Geddel Vieira Lima.

CULTURA Em novembro do ano passado, Geddel Vieira Lima, então ministro da Secretaria de Governo, protagonizou crise política que chegou ao gabinete de Michel Temer. O então ministro da Cultura, Marcelo Calero, pediu demissão e denunciou Geddel. Em depoimento à Polícia Federal, Calero disse que foi “enquadrado” pelo presidente para que encontrasse uma “saída” para liberar a obra do condomínio La Vue, na capital baiana, embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), no qual Geddel comprou uma cobertura.

A repercussão levou Geddel a pedir demissão. Calero chegou a gravar uma conversa com Temer no Palácio do Planalto. Na época, ele negou que pediu audiência com o presidente Michel Temer “no intuito de gravar conversa no Gabinete Presidencial”. “Esclareço que isso não ocorreu. Durante minha trajetória na carreira diplomática e política, nunca agi de má-fé ou de maneira ardilosa. No episódio que agora se torna público, cumpri minha obrigação como cidadão brasileiro que não compactua com o ilícito e que age respeitando e valorizando as instituições”, afirmou.

 

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