O governador Fernando Pimentel (PT) criticou nessa terça-feira (2) a construção da Cidade Administrativa, sede do governo do estado, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e erguida durante a gestão do hoje senador Aécio Neves (PSDB).
Durante entrega de 160 veículos para o Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), Pimentel classificou como um erro a construção da sede, inaugurada em 2010. Segundo ele, a Cidade Administrativa custou caro e não melhorou em nada a qualidade de vida dos mineiros.
Não é de hoje que o governador vem criticando a Cidade Administrativa e seu custo. Despachando quase sempre do Palácio da Liberdade, antiga sede oficial do governo, Pimentel, em abril, encaminhou à Assembleia Legislativa projeto que cria um fundo de investimento imobiliário que possibilitará uma divisão em cotas do complexo da Cidade Administrativa e de outros quatro mil imóveis em uso no estado. Somente a Cidade Administrativa é avaliada em cerca de R$ 2 bilhões.
Em março, antes de enviar esse projeto, Pimentel já tinha reclamado do custo da obra da Cidade Administrativa e também dos gastos com sua manutenção. “Não há sentido em ter um imobilizado daquele tamanho que nos dá despesa enorme para manter”, afirmou Pimentel à época.
Além de objeto de críticas do governador, a Cidade Administrativa também é alvo de um inquérito aberto no âmbito da Operação Lava-Jato para apurar suposto pagamento de propina na construção da sede do governo mineiro durante a gestão Aécio. O inquérito foi aberto em setembro do ano passado após vir à tona que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro afirmou em delação premiada o pagamento de propina de 3% do valor do empreendimento ao empresário Oswaldo Borges da Costa Filho, que presidiu a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), estatal responsável pela obra.
A negociação em torno da delação de Léo Pinheiro foi suspensa pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Outros delatores da Odebrecht afirmaram à PGR que a empresa pagou propina na construção da Cidade Administrativa.
O senador Aécio Neves nega e afirma que o edital de licitação da obra foi apresentado previamente ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado e que todas as etapas da construção foram acompanhadas pelos órgãos de fiscalização do estado e auditadas por uma empresa técnica independente, contratada via licitação pública.