A Prefeitura de Belo Horizonte vai transferir para o Cine Santa Tereza o Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado há nove anos no centro da capital, em um belo casarão tombado pelo patrimônio público. Na quarta-feira, os servidores do MIS foram informados que será dado um prazo de 20 dias para que toda a estrutura e o acervo sejam transferidos para o Cine Santa Tereza. São cerca de 90 mil itens – entre eles preciosidades como os primeiros registros em película da capital mineira – guardados em salas climatizadas para garantir sua preservação.
A transferência da sede do MIS já vinha sendo ventilada entre os funcionários da Fundação Municipal de Cultura (FMC), instituição à qual o museu é subordinado, mas foi confirmada oficialmente nesta quinta-feira pela PBH. Em reportagem publicada pelo site de notícias do executivo, a prefeitura alega ser a mudança uma “antiga demanda do setor, que buscava um local mais adequado para a realização desse trabalho”.
Os funcionários do museu, no entanto, negam o desejo de ir para o Cine Santa Tereza sob alegação de que o espaço não tem condições de abrigar o acervo e criticam o curto prazo para a mudança. Alegam ainda que não foram consultados previamente. Ontem eles divulgaram uma carta aberta pedindo apoio da população e do setor cultural para que a mudança não seja feita dessa maneira.
A pressão para a transferência da sede do MIS para o Cine Santa Tereza teria sido um dos motivos da demissão de Leônidas Oliveira, em abril passado, do comando da FMC.
“Essa decisão, que não contou com a participação da equipe, foi tomada sem um estudo dos impactos que serão gerados sobre os serviços e atividades oferecidos pelo Museu e, especialmente, sobre o acervo preservado por ele”, diz a carta divulgada ontem. Na carta, os servidores afirmam que o MIS precisa mesmo de uma sede própria, mas que a mudança para o Cine Santa Tereza “não atende as necessidades específicas do MIS para guarda e difusão do seu acervo, além de descaracterizar a arquitetura e comprometer a finalidade do espaço multiuso”, diz a carta dos servidores do MIS.
O texto afirma ainda que o museu “é equipado com uma área de reserva técnica inteiramente adaptada para atender às especificidades de seu acervo. As salas são climatizadas, possuem controle de temperatura e umidade relativa do ar. O espaço de 62 metros quadrados da reserva é dividido conforme as condições físicas do acervo”.
Para a mudança, o MIS teria uma verba de R$ 1,3 milhão para reformar o Cine Santa Tereza, para que ele possa abrigar o acervo. O antigo cinema, localizado em um dos mais tradicionais bairros da capital, também faz parte da estrutura do MIS. A diretora do MIS, Siomara Faria, não quis comentar a mudança. Ontem, os servidores fizeram uma reunião interna para discutir o assunto, que também será levado à Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Junção
Em nota, a PBH justificou a mudança dizendo que vem buscando otimizar os diversos espaços públicos da cidade. “Além disso, é diretriz da administração municipal garantir todas as políticas públicas com eficiência. No caso do MIS, a prefeitura administra dois imóveis: um na Avenida Álvares Cabral, outro no bairro Santa Tereza. Diante desse cenário, foi projetada uma junção das duas atividades do MIS em um único imóvel: o do Santa Tereza.
A PBH informa ainda que o patrimônio do audiovisual continuará protegido pelo município. “Temporariamente, o acervo será mantido na casa da rua Álvares Cabral. Ele só será transferido para o MIS Cine Santa Teresa quando toda a estrutura estiver pronta.”.