Moro pede a apoiadores da Lava-Jato para não irem a Curitiba no dia do interrogatório de Lula

Ex-presidente e o juiz vão se encontrar pessoalmente pela primeira vez na quarta-feira

Estado de Minas Correio Braziliense


O juiz Sérgio Moro usou as redes sociais para pedir aos apoiadores da Operação Lava-Jato não compareçam em Curitiba na próxima quarta-feira, dia em que o ex-presidente Lula será interrogado.

O recado foi divulgado na página do Facebook criada pela esposa dele.

Em pouco mais de um minuto, Moro destaca no vídeo o apoio que tem recebido pelas investigações. No entanto, pede que o movimento seja evitado. "Tenho ouvido que muita gente que apoia a Operação Lava-Jato pretende vir a Curitiba manifestar esse apoio, ou pessoas mesmo de Curitiba pretendem vir aqui manifestar esse apoio. Eu diria o seguinte: esse apoio sempre foi importante, mas nessa data ele não é necessário. Tudo que se quer evitar nessa data é alguma espécie de confusão e conflito e, acima de tudo, não quero que ninguém se machuque em eventuais discussões nesta dat. Não venha.
Deixe a Justiça fazer o seu trabalho. Espero que todos compreendam", disse o magistrado.

Moro destaca ainda no vídeo que o interrogatório de Lula é um ato normal do processo e que nada de extraordinário deve acontecer na data.

O ex-presidente Lula é réu em ação penal que sob acusação de ter recebido propina da construtora OAS. Originalmente, o interrogatório de Lula estava previsto para o dia 3 de maio, mas foi remarcado por Moro para 10 de maio a pedido da Secretaria de Segurança Pública do Paraná e da Polícia Federal. As corporações alegaram necessidade de mais tempo "para providências de segurança" diante de manifestações populares que poderiam ocorrer em Curitiba.

Na ação, Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio do tríplex no Guarujá, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.

'Espetáculo'

 

A militância petista se prepara há duas semanas para acompanhar o depoimento. Vaquinhas estão sendo feitas nos sindicatos e movimentos sociais.A defesa do petista entrou com um pedido para que o depoimento seja transmitido ao vivo. Pediram também que haja uma câmera voltada para o juiz Moro, em vez do formato tradicional, no qual só se ouve a voz do magistrado e a imagem que aparece na tela e a do depoente e de parte dos advogados.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) se preparou para o depoimento de quarta-feira com a mesma estratégia adotada em grandes eventos esportivos. Os grupos de apoio ao ex-presidente Lula ficarão na Região Central da cidade e o antagônico, no Centro-Cívico. O expediente será suspenso em toda a Justiça Federal no dia da oitiva e só entrarão no prédio pessoas envolvidas diretamente no depoimento. A segurança interna será feita pela Polícia Federal e a Polícia Militar vai isolar um perímetro de 150 metros ao redor para evitar a aproximação de manifestantes. Só entrarão na área isolada moradores e profissionais da imprensa previamente cadastrados. Homens do Exército já estão na cidade para ajudar.

A expectativa de movimentos pró-Lula é reunir 30 mil pessoas na terça e na quarta, com atos políticos, conferências, plenárias, vigílias e atividades culturais. Do outro lado, movimentos contrários ao ex-presidente Lula esperam mobilizar cerca de 10 mil.

A ideia é confrontar os petistas, mas sem criar tumulto, pois não querem desviar a atenção de Moro em um momento considerado, por eles, um dos mais importantes da história da operação

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