Cerca de 50 mil manifestantes favoráveis e contrários ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são esperados hoje em Curitiba, onde o petista prestará depoimento ao juiz Sérgio Moro sobre as acusações de participar do esquema de corrupção da Petrobras.
Em um movimento que dizem ser em defesa da democracia, os defensores do petista farão vigília e vários atos ao longo do dia. Na noite dessa terça-feira (9), pelo menos quatro ônibus partiram de Belo Horizonte com sindicalistas e militantes pró-Lula para a viagem de cerca de 13 horas até a sede da Justiça Federal no Paraná.
O Sindipetro de Minas Gerais financiou três ônibus e fez vaquinhas para pagar os lanches e o material gráfico que foi levado. Conseguiu R$ 1,6 mil via grupos de WhatsApp. Serão levados 1,5 mil cartazes com os dizeres “Não temos provas, mas temos convicção”, em uma referência a uma coletiva da força-tarefa da Lava-Jato na qual os procuradores fizeram várias acusações contra Lula, incluindo a de possuir um triplex no Guarujá. Foi feita uma faixa de 10 metros com a mesma frase.
O Sindieletro também mandou um ônibus nessa terça-feira (9) à noite a Curitiba. Mais cedo, a presidente da CUT em Minas, Beatriz Cerqueira, chegou à capital paranaense de avião. Foram representando a bancada do PT mineiro os deputados estaduais Rogério Correia e Marília Campos. Nessa terça-feira (9) mesmo, os carros de som começaram a transmitir discursos para os militantes que chegavam ao “acampamento”.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre eles o líder João Pedro Stédile, começaram a chegar à cidade desde cedo. São mais de 20 ônibus só do movimento, que, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), estão sendo escoltados para garantir a segurança dos manifestantes e permitir a fluidez do trânsito. Eles foram encaminhados para uma área nas proximidades da rodoferroviária, na Região Central. A PRF apreendeu facões, foices e facas de alguns passageiros de ônibus que já chegaram, mas nenhuma ocorrência foi registrada pela Guarda Civil. Mais 60 ônibus são esperados hoje.
No Parque Barigui, manifestantes do movimento Vem pra Rua, apoiadores da Lava-Jato e de Sérgio Moro, soltaram balões verdes e amarelos. Grande parte vestia a camisa amarela que marcou os protestos contra a ex-presidente Dilma Rousseff e levavam a bandeira nacional.
SEGURANÇA O estado do Paraná montou um forte esquema de segurança para receber os manifestantes. Mesmo o juiz Sérgio Moro tendo divulgado vídeo nas redes sociais pedindo que seus apoiadores não compareçam, deve haver protesto contra o petista. Para evitar confronto, os grupos favoráveis e contra o ex-presidente ficarão em pontos distintos da cidade. De acordo com o secretário estadual de Segurança, Wagner Mesquita, simpatizantes de Lula vão ficar na Rua XV de Novembro, e os que são contra, no Centro Cívico.
De acordo com o secretário, o acesso ao fórum estará proibido num raio de 150 metros. A Prefeitura de Curitiba conseguiu uma liminar na Justiça que fixou multa de R$ 100 mil para quem invadir a área delimitada. Já a montagem de estruturas e acampamentos será punida com multa diária de R$ 50 mil. Só poderão chegar ao local jornalistas, moradores e pessoas que trabalham na região, cadastrados previamente. Pelo menos 3 mil pessoas já fizeram esse cadastro. O tráfego de veículos nas ruas próximas da Justiça Federal, que fica no Bairro Ahu, também estará interrompido hoje.
Por conta da mobilização, a Justiça Federal do estado não dará expediente hoje e as polícias Militar e Federal farão a segurança do entorno. O bloqueio do local começou às 23h dessa terça-feira (9). O esquema de segurança terá, ainda, helicópteros circulando durante o depoimento de Lula. (Com agências)
Testemunhas
O juiz Sergio Moro marcou até 15 audiências num único dia para acelerar as oitivas das 87 testemunhas de defesa do ex-presidente Lula no processo em que ele é acusado de ter recebido vantagens da Odebrecht. Moro chegou a considerar o número de testemunhas excessivo e determinar que Lula acompanhasse todas as audiências presencialmente, em Curitiba, mas os advogados de defesa recorreram e derrubaram a decisão na segunda instância. Por enquanto, estão marcadas 119 audiências de defesa apenas entre 12 de junho e 12 de julho.