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Estado de Minas

PT avalia os efeitos da delação premiada de Antonio Palocci

Palocci é considerado peça-chave pelos investigar para ajudar a entregar as peças que faltam


postado em 15/05/2017 09:48

(foto: Heuler Andrey/AFP)
(foto: Heuler Andrey/AFP)

Passado o primeiro depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, o PT começa a se preparar para o furacão Antonio Palocci. E essa movimentação não é exclusividade da legenda. Há no cenário econômico quem diga que, para se vingar daqueles que o abandonaram dentro de seu partido, Palocci vai abordar a relação com grandes instituições financeiras e jogará na roda ainda o Banco Central e a Receita Federal.

Palocci é considerado peça-chave pelos investigar para ajudar a entregar as peças que faltam, por exemplo, na Operação Conclave, que investiga a compra de ações do Banco Panamericano, em 2009, pela Caixapar, uma subsidiária da Caixa Econômica Federal.

Em 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff, no qual Palocci ficou alguns meses como ministro da Casa Civil, o BTG Pactual, de André Esteves, entrou no negócio. Comprou a participação do grupo Sílvio Santos no Banco Panamericano. A Caixapar investiu R$ 740 milhões no Panamericano e, dois anos depois, foi a vez do BTG, o que levou a PF a realizar ação de busca e apreensão em representantes das duas instituições em abril deste ano, dentro da Operação Conclave.

Enquanto o mundo dos negócios ferve, o PT aguarda. O partido considera que passou a fase de tentar evitar a delação do ex-ministro, uma vez que todos os emissários falharam nessa missão. Agora, é administrar o que Palocci pode dizer. “Vamos ver. Se for no ritmo das delações que temos visto, cada um fala o que quer sem apresentar provas”, disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini.

Os petistas têm se desdobrado na tribuna da Câmara e do Senado no sentido de reverberar a falta de provas. O senador Lindbergh Farias, por exemplo, ficou mais de uma hora na tribuna do Senado, na última quinta-feira, se referindo ao depoimento de Lula como uma farsa montada pelo juiz Sérgio Moro para expor o ex-presidente. Em relação a Palocci, ele ainda não montou o discurso. É preciso esperar para ver o que o ex-ministro vai falar.

Em conversas reservadas, outros petistas têm dito que Palocci tem um arsenal para provocar estragos. Afinal, enquanto ministro de Lula no primeiro mandato e coordenador da campanha eleitoral de Dilma em 2010, ele fez muitas pontes com o mercado financeiro para abastecer os cofres petistas. O partido, porém, acredita que ele pode provocar também estragos entre os empresários apoiadores do governo de Michel Temer, de forma a distribuir o desgaste.
 

Reformas


Enquanto Palocci aquece os motores de sua delação, os petistas querem dedicar os próximos dias a tentar desgastar o governo no quesito reforma da Previdência. Na Câmara, por exemplo, estão previstos diversos movimentos do partido no sentido de pressionar a bancada do agronegócio a votar contra a reforma por causa das mudanças no Funrural, um tema que, embora o governo tenha cedido em parte, ainda não está totalmente resolvido.

A oposição acredita que Temer ainda não tem os votos para aprovar a reforma da Previdência e nem os terá, se a pressão sobre a base governista for bem realizada. Ocorre que, quanto mais Palocci e Lula estiverem na roda da Lava-Jato, mais difícil ficará para o PT jogar toda a sua energia no movimento contra as reformas.

Na semana passada, por exemplo, precisou se mobilizar para acompanhar o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro. Agora, dependendo do que Palocci falar nos próximos dias, a maior energia petista continuará dedicada a respostas às delações. O alento, dizem alguns, é que essa mobilização contra o que pode dizer Palocci não será privilégio do PT.  Diante da perspectiva do furacão, o sistema financeiro, bem como no PT, fazem como os americanos quando vem um furacão: a ordem é colocar madeirite nas janelas e buscar um abrigo.
 

Advogados negam "exigência"


Os novos advogados de Antonio Palocci informaram ontem que a força-tarefa da Operação Lava-Jato não fez “qualquer exigência, nem sequer mínima alusão” para que o ex-ministro trocasse de defesa como condição para negociar delação premiada.

Palocci mudou seu quadro de defensores na sexta-feira. Desde o início da Lava-Jato — e também em outras causas de grande repercussão — ele era representado pelo criminalista José Roberto Batochio.

Em março, interrogado pelo juiz Sérgio Moro, o ex-ministro de Lula e Dilma acenou claramente com a disposição de colaborar. Disse, na ocasião, que teria nomes e situações para revelar e que tais dados fariam esticar a Lava-Jato por mais um ano, pelo menos. Diante do risco de permanecer na cadeia por uma longa temporada, Palocci contratou o advogado Adriano Bretas, defensor de outros alvos da Lava-Jato que escolheram a delação como atalho para deixar a prisão.
 

Devolução de R$ 90 milhões


Ex-diretor da Sete Brasil, Pedro Barusco terá de devolver todo o dinheiro que obteve em propinas de contratos com estaleiros e também o que recebeu de bônus como dirigente da empresa. A decisão foi tomada na sexta-feira pela juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara empresarial do Rio.

A estimativa é de que os valores a serem devolvidos, atualizados, girem em torno de R$ 90 milhões. Em sua sentença, a juíza rejeitou os pedidos dos advogados de Barusco, alegando um ponto decisivo: “Há confissão”, disse. Barusco fez um acordo de delação premiada em que relatou o esquema de propinas na Sete Brasil, criada para gerenciar a compra de sondas para o pré-sal. Segundo Barusco relatou, os cinco estaleiros contratados e que forneceriam as 28 sondas para a empresa pagaram propinas.


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