São Paulo - O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, apontado pela empresária Mônica Moura como responsável por ter informado à presidente cassada Dilma Rousseff sobre a prisão da empresária e do ex-marqueteiro do PT João Santana, disse que as delações do casal apresentam contradições que desacreditam o depoimento.
"Há uma contradição de depoimentos. Isso desacredita a delação", disse Cardozo. "Ela tinha um telefone seguro, no Alvorada, e nós tínhamos o telefone da (República) Dominicana, o João falou com ela nesse telefone", afirmou Mônica, acrescentando que Dilma falou com o marqueteiro.
"Fomos avisados que tinha mandado de prisão, foi visto o mandado de prisão assinado em cima da mesa de alguém na Polícia Federal", afirmou a empresária em sua delação. Já Santana disse que "deduziu" sobre as prisão quando leu uma mensagem cifrada de Dilma no e-mail secreto usado por ela e Mônica, mas só soube da prisão ao perceber a chegada dos agentes.
Cardozo afirmou ter provas de que ele mesmo só ficou sabendo das prisões no dia da operação da Polícia Federal, quando os agentes já estavam em campo cumprindo os mandados de prisão. "Se procurar tem uma ligação do Leandro Daiello (superintendente da PF) no meu telefone", disse ele.
Indignação
Segundo Cardozo, existe um protocolo pelo qual a PF informa o ministro da Justiça em caso de operações com alvos políticos ou sensíveis ao governo e, por sua vez, o ministro avisa ao presidente. O ex-ministro negou que tenha praticado vazamento e defendeu Dilma. "Em hipótese alguma ela ficou sabendo antes de eu ter avisado", afirmou.
Cardozo, que estava até anteontem na Inglaterra, onde participou de palestra ao lado do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, disse que conversou algumas vezes com Dilma por telefone depois que as delações de Mônica e se tornaram públicas. Segundo ele, a presidente cassada está indignada com o teor dos depoimentos. "Ela me perguntou: 'que história é essa?' Estava indignada", disse o ex-ministro.