O presidente Michel Temer teria sido gravado dando apoio para o pagamento de mesada ao deputado cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para ficar calado na prisão. "Tem que manter isso, viu?", disse Temer ao empresário Joesley Batista. A informação foi divulgada na noite desta quarta-feira pelo site do jornal “O Globo”. Ainda de acordo com a publicação, o operador Lúcio Funaro também receberia valores mensais para poupar interlocutores. As gravações teriam sido feitas em março em reunião entre o presidente o empresário.
Ainda nas gravações - feitas pelos donos da JBS, Joesley Batista e o irmão, Wesley -, Temer teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver questões da empresa J&F e, logo depois, foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil.
De acordo com o jornal, pela primeira vez foram feitas “ações controladas”. Foram sete ao todo, que resultaram em gravações e flagrantes. A investigação chegou a marcar as cédulas usadas para pagamento das propinas e chip nas malas.
Na quarta-feira da semana passada, segundo o jornal, foram feitos os depoimentos ao ministro-relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. No mês passado, os donos da JBS já haviam feito depoimentos ao Procurador-Geral da República.
Joesley ainda teria revelado o pagamento de cerca de R$ 5 milhões para Eduardo Cunha, mesmo depois de ele ser preso, como saldo de propinas anteriores. Joesley ainda declarou que devia R$ 20 milhões a Cunha pela tramitação da lei sobre desoneração para o setor do frango.
O ex-ministro Guido Mantega foi apontado pelo dono da JBS como o contato dele com o PT. Ele seria o elo com o partido para o pagamento dos valores irregulares e distribuídos para integrantes do partido.
O senador Aécio Neves (PSDB) também foi implicado na delação. O tucano teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O valor, segundo a reportagem do jornal O Globo, teria sido entregue a um primo dele, e o ato filmado pela Polícia Federal. Ainda de acordo com a reportagem, o dinheiro pago teria sido rastreado e foi parar na conta do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).
Presidente defende ampla apuração
Em nota, o presidente Michel Temer se proncuniou sobre as acusações e pediu apuração dos fatos. Leia o texto na íntegra:
O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.
O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República.
O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados.