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Estado de Minas

Prefeito reduz salário no Dia da Mentira


postado em 18/05/2017 00:12

Alessandra Mello

O prefeito de Ibirité, William Parreira (PTC), aumentou por meio de um decreto publicado no final de janeiro o seu salário e também o do vice e secretários. No mês passado, publicou um novo decreto reduzindo em 20% o salário de todos eles, sob alegação de necessidade de cortes de despesas em função da crise econômica. No fim, ficou tudo elas por elas, já que a redução, que passou a valer a partir de 1º de abril, Dia da Mentira, praticamente foi a mesma do aumento de janeiro.

Chamado pelo município de recomposição, a correção salarial foi de 11,27% referente a 2015 e de 6,58% referente a 2016. De acordo com o decreto, publicado em 20 de janeiro, o reajuste foi retroativo ao dia 2, um dia depois da posse de William. Há dois anos, o salário do então prefeito Antônio Pinheiro Neto (PP), o Pinheirinho, estava congelado em cerca de R$ 26 mil. Ele chegou a tentar aumentar esse valor, mas recuou devido à pressão da opinião pública.

Com o aumento de janeiro concedido por William, esse valor passou para cerca de R$ 31 mil e depois foi reduzido voltando hoje à casa de R$ 26 mil. O corte salarial foi amplamente divulgado pelo prefeito em um boletim dos seus 100 primeiros dias de governo. “O prefeito ressaltou que em um momento de crise tornam-se necessários alguns sacrifícios e espera que seu gesto inspire não só Ibirité, mas como todo o país”, diz o informe cuja manchete era “Prefeito reduz o próprio salário, do vice-prefeito e secretários”.

Requerimento aprovado pela Câmara no começo deste mês solicitou cópia do decreto do aumento que teria sido mantido em sigilo e também informações sobre todos os pagamentos feitos ao prefeito, vice e secretários desde  a posse. O prefeito tem 30 dias para atender ao pedido.

William Parreira não quis dar entrevista. O procurador do município, Reinaldo Wagner Miguel, disse que o aumento era uma obrigação legal e, caso não fosse concedido, poderia ser alvo de processos de cobrança na Justiça pelos secretários da administração anterior e até mesmo de improbidade administrativa. Disse ainda que o aumento é previsto na Constituição Estadual e que se não for concedido pela Câmara Municipal de uma legislatura para a outra, devem ser mantidos os critérios de remuneração vigentes em dezembro do último exercício da legislatura anterior, admitida apenas a atualização dos valores.

De acordo com o procurador, o prefeito concedeu uma recomposição das perdas dos dois últimos anos e depois reduziu para evitar que os valores ficassem muito elevados comprometendo as finanças do município. “Se não tivesse sido publicado o decreto da redução, o prefeito estaria ganhando R$ 31 mil”, afirma.

Segundo Wagner Miguel, uma lei aprovada em 2008 pela Câmara reajustava automaticamente o salário do prefeito pela inflação. O vereador Claudio Roberto da Silva (PP), conhecido como Coelho, disse que a redução trocou “cebola por cebola”. “Ele está enganando a população.” Para o vereador Laércio Dias (DEM), a forma como o aumento seguido da redução foi conduzida pelo prefeito deixou dúvidas sobre sua real intenção.

 


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