Áudio mostra que dono de JBS contou a Temer sobre procurador infiltrado

Ângelo Goulart Villela, alvo de um mandado de prisão nesta quinta-feira é suspeito de negociar propina para vazar informações

Marcelo Ernesto
Outro trecho da gravação de Joesley Batista, dono da JBS, com o presidente Michel Temer mostra que o peemedebista sabia da existência de um procurador da República infiltrado para garantir os interesses do grupo JBS na Justiça Federal.
A confissão do esquema foi feita a Temer por Joesley.

“Consegui um procurador dentro da força-tarefa que está me dando informação e que estou para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim”, afirma o empresário.

O presidente comenta algo com Joesley, mas a baixa qualidade do áudio não permite entender a fala. Na sequência, o dono da JBS retoma o assunto: “Eu consegui colar um no grupo e agora estou tentando trocar (o procurador), mas estou tentando me defender”. Temer responde apenas com um “É”.

O empresário ainda admite que paga cerca de R$ 50 mil mensalmente em troca das informações.

Ouça íntegra do áudio:

O procurador de República Ângelo Goulart Villela, alvo de um mandado de prisão nesta quinta-feira é suspeito de negociar propina para vazar informações.


Villela é integrante da equipe do vice-procurador geral eleitoral, Nicolau Dino, e recentemente estava cedido à força-tarefa das operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis, que apura crimes relacionados à JBS. Joesley e os outros delatores da JBS teriam entregado provas de que o procurador repassou dados das apurações em curso aos investigados

Michel Temer teria sido gravado dando aval ao presidente da JBS, Joerley Bartista, para fazer o pagamento de mesada ao deputado cassado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. “Tem que manter isso aí”, disse Temer ao ser comunicado pelo dono da JBS, Joerley Batista, da situação usada para garantir o silêncio dele.

Ainda nas gravações - feitas pelos donos da JBS, Joesley Batista e o irmão, Wesley -, Temer teria indicado o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver questões da empresa J&F e, logo depois, foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil.

De acordo com o site do jornal O Globo, ontem, pela primeira vez foram feitas “ações controladas”. Foram sete ao todo, que resultaram em gravações e flagrantes. A investigação chegou a marcar as cédulas usadas para pagamento das propinas e chip nas malas. .