São Paulo, 18 - "Tamo junto aí, o que o sr. precisar de mim, viu, me fala", disse Joesley Batista, do Grupo JBS, ao presidente Michel Temer, na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu. Os dois falavam sobre investigações da Lava Jato e sobre Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara que está preso desde outubro de 2016.
O que Temer não sabia é que seu interlocutor estava gravando a conversa. A partir do minuto 9m33 do áudio, Joesley diz. "Queria te ouvir um pouco presidente, como é que o sr. tá nessa situação toda do Eduardo, não sei o quê."
Nesse trecho do diálogo, Joesley começa a relatar o que chamou de 'liquidação' com Eduardo Cunha, uma referência a pagamentos ao peemedebista prisioneiro.
"Dentro do que foi possível eu, e o máximo que deu ali, zerei tudo o que tinha de alguma pendência. Daqui pra ali zerou tal e tal, liquidou tudo, e ele foi firme em cima, ele já tava lá, veio cobrou, tal, tal, tal, pronto acelerei o passo e tirei da frente."
Joesley cita o ex-ministro do governo Temer Geddel Vieira Lima, que caiu em meio a um escândalo envolvendo o ex-ministro da Cultura. "Geddel que andava sempre ali, mas perdemos o contato, ele virou investigado e também não posso encontrar ele."
Joesley é alvo da Polícia Federal e da Procuradoria da República. A Temer ele diz que "está se defendendo".
"Negócio dos vazamentos, telefone lá, Geddel volta e meia citava alguma coisa tangenciando a nós, eu tô lá me defendendo."
E fala que está "de bem" com o ex-presidente da Câmara.
"O que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora eu tô de bem com o Eduardo", seguiu Joesley.
"Tem que manter isso, viu?", recomendou o presidente.