Na conversa, Temer supostamente avaliza a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), condenado a 15 anos e quatro meses de prisão na Lava Jato, e foi informado sobre uma mesada de R$ 50 mil ao procurador Ângelo Goulart Villela para vazar investigações.
Inicialmente, Joesley disse ter marcado com Rodrigo para chegar junto com ele ao Alvorada. Temer orientou o empresário a procurar o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB/PR) - que foi assessor do presidente até março de 2017 - para tratar de assuntos de seu interesse.
Loures voltou a exercer o mandato na Câmara, após Osmar Serraglio assumir o Ministério da Justiça - ele era suplente do atual chefe da pasta no Congresso.
O parlamentar é acusado de defender, em troca de propinas, os interesses da J&F no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). As propinas chegavam a R$ 500 mil semanais por um período de 20 anos. O montante somado chega a R$ 480 milhões.
Quando explicou a Temer que foi sozinho ao Jaburu, o executivo da JBS declarou:
Joesley
: Eu gostei desse jeito aqui.
Temer
: Desse jeito?
Joesley
: Eu venho dirigindo, nem venho com motorista, eu mesmo dirijo.
Temer
: Ou você vem com o Rodrigo e o Rodrigo se identifica lá.
Joesley
: Eu tinha combinado de vir com ele. Eu vim sozinho, mas aí eu liguei para ele era 10h30. Aí, deu 9h50 eu mandei mensagem pra ele. Ele não respondeu.
Temer
: Não te viram?
Joesley
: Não, fui chegando, eles viram a placa do carro, abriram, eu entrei .
Temer
: Melhor, então.
Joesley
: Funcionou super bem.
No diálogo, Joesley disse ao peemedebista que estava pagando uma mesada a Eduardo Cunha e a Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas do ex-presidente da Câmara, também preso na Lava Jato, para que ambos ficassem em silêncio. "Tem que manter isso, viu?", disse Temer.
Joesley falou ao presidente também sobre a compra do procurador da República Ângelo Goulart Villela, para quem ele confessa ter pago R$ 50 mil por mês para vazar investigações. Villela era integrante da equipe do vice-procurador geral Eleitoral, Nicolau Dino, e recentemente estava cedido à força-tarefa das Operações Greenfield, Cui Bono e Sépsis, que apuram crimes relacionados à JBS.
O procurador teria tido encontros com representantes do grupo frigorífico sem comunicar os colegas. Ele foi preso nesta quinta-feira, 18, pela Operação Patmos.
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