O discurso adotado durante o dia desta quinta-feira, 18, foi de que era preciso conhecer a conversa na íntegra do áudio, divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à noite, para então tomar uma decisão. Antes da divulgação da gravação, porém, diversos partidos emitiram notas reafirmando o apoio ao governo do peemedebista.
Por enquanto, apenas o PPS e o Podemos (antigo PTN) anunciaram oficialmente o rompimento com o Palácio do Planalto. No PPS, Roberto Freire deixou o Ministério da Cultura, mas o seu colega Raul Jungmann optou por permanecer à frente do Ministério da Defesa.
Principal aliado do governo, o PSDB rachou e deu diversos sinais durante o dia de que iria desembarcar da base aliada de Temer. Deputados tucanos chegaram a protocolar um pedido de impeachment contra o peemedebista na Câmara. Dois dos quatro ministros do partido - Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Bruno Araújo (Cidades) - teriam até elaborado suas cartas de demissão.
A cúpula do partido, no entanto, atuou para que os ministros permanecessem nos cargos. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumiu a presidência do partido após o afastamento do senador Aécio Neves (MG), foi o responsável pela articulação.
Segundo o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (PSDB-SC), o partido preferiu não tomar uma decisão antes de esclarecer os fatos com Temer. "O PSDB não tem costume de abandonar o barco apenas por notícias ruins", afirmou.
O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que a ideia é que os principais partidos da base decidam juntos se vão ou não deixar o governo.
De acordo com ele, Temer demonstrou confiança no pronunciamento que fez na tarde de ontem. "O pronunciamento foi forte, ele estava muito convencido de que não vão pegá-lo, que ele tem defesa para as acusações", afirmou o senador.
Parte dos democratas afirmou ainda que a situação do partido é mais "delicada" pelo fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ser o primeiro na linha sucessória e terá de assumir a Presidência caso Temer seja afastado. Segundo eles, qualquer movimento, neste momento, poderia ser interpretado como oportunismo.
'Normalidade'
Antes de os áudios da conversa entre Temer e Joesley serem divulgados pela imprensa, diversos partidos reafirmaram apoio ao governo. Em nota, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou esperar o "rápido esclarecimento dos fatos por parte da Justiça, para que o País volte o mais breve possível à normalidade".
Também em nota, o PR afirmou que reitera a sua "confiança no trabalho" de Temer e que não baseava a sua permanência no governo em notícias de investigações em curso.
O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), disse que era preciso levar em consideração "os efeitos negativos de uma ruptura institucional no momento em que a economia do País começa a se recuperar".
Já o líder do PSD na Câmara, o deputado Marcos Montes (MG), afirmou que o partido vai se reunir na próxima segunda-feira para tomar uma decisão. "Estamos na fase das especulações, precisamos das provas", afirmou. Ele, no entanto, admitiu que as denúncias contra Temer põem em xeque a governabilidade e adiam a aprovação das reformas. .