Temidas e criticadas por grande parte da população, as reformas trabalhista e da Previdência ganharam mais tempo para discussão. Por conta do cenário de crise institucional estabelecido com a possibilidade de o presidente Michel Temer (PMDB) ter de deixar o cargo por ter sido envolvido diretamente na Operação Lava-Jato, os parlamentares decidiram parar a tramitação dos textos.
A divulgação dos áudios comprometedores contra o presidente Michel Temer (PMDB) nesta quinta-feira parou a tramitação da Reforma Trabalhista no Senado Federal. A tramitação do projeto de lei complementar (PLC 38/17) foi suspensa sem data para voltar à discussão.
O relator da matéria nas comissões de Assuntos Econômicos e Assuntos Sociais, senador Ricardo Ferraço (PSDB/ES), considerou o assunto “secundário” diante da crise institucional pela qual passa o país. “Na condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões anunciado está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário”, anunciou em nota.
O parlamentar considerou a crise criada pelas delações do dono da JBS, Joesley Batista, “devastadora” e disse que é preciso priorizar uma solução. O relatório da reforma, já aprovada na Câmara, seria entregue na terça-feira (23) e a votação em plenário estava prevista para os dias 12 e 15 de junho. Já os senadores de oposição ao governo Temer, esperam que a suspensão seja permanente.
Previdência
O deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), relator da Reforma da Previdência na Câmara, também entende que não é possível avançar com a votação da proposta de Temer no atual cenário. “De ontem para cá, a partir das denúncias que surgiram contra o presidente da República, passamos a viver um cenário crítico, de incertezas e forte ameaça da perda das conquistas alcançadas com tanto esforço. Certamente, não há espaço para avançarmos com a Reforma da Previdência no Congresso Nacional nessas circunstâncias”, afirmou em nota.
Segundo o deputado, é preciso concluir as investigações sobre o que de fato ocorreu no caso do possível aval do presidente Temer a medidas do executivo da JBS para tentar barrar o avanço da Lava-Jato, antes de votar qualquer mudança na lei.
“É hora de arrumar a casa, esclarecer fatos obscuros, responder com verdade a todas as dúvidas do povo brasileiro, punindo quem quer que seja, mostrando que vivemos em um país em que a lei vale para todos. Só assim é que haveremos de retomar a Reforma da Previdência Social e tantas outras medidas que o Brasil tanto necessita”, disse.