"O advogado Willer Tomaz, com possível ajuda do procurador da República, Ângelo Goulart Vilella, estava tentando atrapalhar o processo de colaboração premiada ora em curso, com o escopo, possivelmente de proteger amigos políticos integrantes do PMDB", destaca Janot no pedido de abertura de inquérito.
Citando um depoimento inicial de Joesley, que buscava uma colaboração "voluntária", Rodrigo Janot destacou que os senadores se afastaram do empresário quando souberam da possibilidade de delação.
O relato de Rodrigo Janot a Fachin integra o pedido de abertura de inquérito no STF de Joesley, do procurador da República Ângelo Goulart Vilella e do advogado Willer Tomaz por suposta tentativa de obstruir os trabalhos da Justiça. A Lei da Organização Criminosa, de 2013, citada pelo procurador, prevê pena de três a oito anos de prisão. O procurador também pede investigação contra os envolvidos por corrupção ativa e passiva, crimes com pena previstas pelo Código Penal de dois a 12 anos de reclusão.
O procurador justificou o pedido de abertura de inquérito de Joesley, do procurador e do advogado no STF pelo fato de os senadores do PMDB, citados pelo dono da JBS, terem foro privilegiado. Janot pondera que não há, ainda, elementos para pedir uma abertura de inquérito contra Renan e Jucá, mas que esse "caminho" já está sendo "vislumbrado".
Rodrigo Janot relatou a Fachin que Joesley, nas conversas iniciais de delação, disse ter contratado o advogado Willer Tomaz por "serviços" a seu favor no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desde o ano passado esquema de corrupção na área de fundos de pensão. Tomaz, segundo Janot, receberia de Joesley R$ 8 milhões pelo arquivamento do inquérito contra o empresário e ficou responsável de pagamentos de "ajuda de custo" de R$ 50 mil por mês ao procurador Ângelo Goulart Vilella. Joesley, de acordo com Janot, disse que recebeu de Tomaz documentos de "acesso restrito".
Janot também ressalta que compete ao STF investigar outras duas autoridades citadas nas conversas iniciais do advogado, o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
(Leonencio Nossa).