A Polícia Federal (PF) interceptou conversas telefônicas entre o presidente Michel Temer e seu ex-assessor e homem de confiança, o atual deputado federal Rodrigo Loures (PMDB-PR). Também foi interceptada uma conversa entre Aécio Neves e o diretor-geral da PF, Leandro Daiello e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que relata na corte os inquéritos onde o senador afastado é investigado por envolvimento na Operação Lava-Jato.
A referência é a votação do projeto que tratava de "abuso de autoridade" em discussão no Congresso Nacional. Em resposta ao pedido de Aécio, o ministro do STF respondeu: "O Flexa, tá bom, eu falo com ele". Aécio explica que Flexa "é o outro titular da comissão, somos três, sabe?" .
Segundo a Polícia Federal, no mesmo dia da ligação telefônica o plenário do Senado aprovou o substitutivo do senador Roberto Requião (PMDB-PR) ao projeto que altera a definição dos crimes de abuso de autoridade. Também foram interceptadas duas ligações telefônicas entre Aécio e Daiello.
Na primeira conversa, Aécio fala sobre o depoimento dele que estava marcado na Lava-Jato, e que depois seria adiado por decisão do ministro de Gilmar Mendes. Numa segunda ligação, Aécio pede um espaço na agenda de Daiello para "falar sobre a previdência", assunto em discussão no Congresso.
Os aparelhos telefônicos de Aécio e de Loures estavam sob interceptação judicial - ou seja, os grampos não ocorreram nos telefones de Gilmar, Temer ou Daiello. Relatórios sobre essas ligações constam de documentos liberados por ordem do ministro do STF Edson Fachin nesta sexta-feira (19).