Entre abril e maio, meses nos quais os empresários Wesley e Joesley Batista negociavam com o Ministério Público os termos da delação premiada que estavam dispostos a fazer, as empresas do Grupo JBS realizaram operações que podem ter assegurado um lucro equivalente ou maior do que a multa de R$ 225 milhões fixada pela Procuradoria-Geral da República para os dois empresários e outros cinco executivos.
Segundo informações passadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a FB Participações, que participa do controle da JBS, vendeu o equivalente a R$ 327,4 milhões em ações da gigante do setor frigorífico entre 20 e 28 de abril, enquanto de 24 a 27 de abril a tesouraria da JBS comprou 19,3 milhões de ações da empresa, num valor aproximado de R$ 200 milhões. Só a diferença em valores entre a venda e a compra dos papéis passa de R$ 120 milhões, sem contar o dinheiro que pode ter sido ganho com a oscilação nos preços dos papéis no período das negociações. A CVM instaurou processo administrativo para investigar a operação.
Xerife do mercado mobiliário, a CVM está investigando também operações da JBS em operações de câmbio no mercado futuro e no mercado de derivativos. Na véspera do estouro do escândalo das denúncias a JBS teria comprado dólares para evitar um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão. Ontem, o presidente Michel Temer disse que a empresa especulou contra o real e comprou US$ 1 bilhão.
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