Em troca, a JBS assumiu, sem custos, segundo o delator, uma fábrica inutilizada da BR Foods de 400 mil m² em Piraí, no interior do Rio. Ele afirma que foram R$ 20 milhões de propinas dissimuladas em doações oficiais e mais R$ 7,5 milhões em espécie, supostamente entregues ao ex-secretário de Obras do estado Hudson Braga.
Eu fui até o Sérgio Cabral e falei que a fábrica era tudo para nós. Eu perguntei se ele teria peito de tomar da BR Foods e ele disse que sim. Eu conversei com o Joesley (Batista, acionista da JBS) e disse: Ganhar uma fábrica de graça num momento desse é a melhor coisa que tem', disse no depoimento.
Saud ressaltou que nunca tratou diretamente com Pezão sobre recursos financeiros. Toda a negociação teria sido feita com Cabral, que era o articulador da campanha, segundo o executivo. Ele disse ainda que, quando iniciaram as conversas sobre o pagamento, Cabral disse: Preciso ganhar a eleição, se referindo à campanha de Pezão.
Ele pediu entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões de propina.
Segundo Saud, o dinheiro teria sido pago de forma parcelada entre julho e outubro de 2014. O delator informou que, além dos montantes para a campanha e para o PMDB do Rio, R$ 900 mil teriam sido destinados ao PDT.
Ele disse: Preciso de tempo de televisão. Você precisa trazer um ou dois partidos. Eu disse: Posso te apresentar alguns presidentes de partidos, que você já conhece e falar que nós damos a garantia, que se houver negócio, nós vamos pagar. Mas depois de três ou quatro dias, ele disse: Não, você me dá o dinheiro e eu resolvo o problema.
A reportagem não localizou neste domingo (21) a defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. A reportagem fez contato com o governo do Rio.
(Lucas Baldez).