O problema é que ainda não há acordo sobre quem seria o "salvador" da Pátria. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), havia marcado uma reunião para domingo, 21, em Brasília, com dirigentes e líderes de seu partido e também do DEM e do PPS para discutir a agonia de Temer após a delação da JBS. Ministros entraram em campo, porém, para pedir que o encontro fosse adiado.
Na noite de domingo, Tasso e o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), compareceram a um encontro com Temer, que recebeu ministros, líderes e dirigentes de partidos, no Palácio da Alvorada.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso telefonou para Temer no Sábado (20) e lhe prestou solidariedade. Dois dias após ter publicado texto nas redes sociais no qual disse que os envolvidos na delação da JBS "terão o dever moral de facilitar a solução, ainda que com gestos de renúncia", se suas defesas não forem convincentes, FHC disse ao presidente ter sido mal interpretado.
O PSDB e o DEM são hoje os pilares da coalizão, depois do PMDB. A preocupação maior no governo, porém, é com a legenda tucana. O Planalto passou as últimas 48 horas monitorando o comportamento do partido e se movimentando para impedi-lo de deixar a base de sustentação de Temer. A avaliação é de que, se isso ocorrer, será o fim da gestão peemedebista.
Dirigentes tucanos asseguraram a Temer que não tomarão decisão precipitada, mas admitiram que a pressão para o desembarque, principalmente da ala jovem - os chamados "cabeças pretas" -, é muito forte.
Impasse
A direção do PSDB do Rio divulgou no domingo nota pedindo a renúncia ou o impeachment de Temer e a saída dos quatro ministros tucanos do governo. A seção fluminense do partido, no entanto, só tem um deputado federal - Otávio Leite, presidente da legenda no Estado - e nenhum senador.
"Qualquer solução fora da Constituição não seria solução, e sim um problema. O Brasil pede que todos os fatos sejam apurados com rigor", disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, um dos pré-candidatos do PSDB ao Planalto. "Estamos ouvindo as bases e a decisão sobre permanecer ou não no governo será tomada pela Executiva, em conjunto com as bancadas e os governadores", emendou o deputado Sílvio Torres (SP), secretário-geral da legenda.
À reportagem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse não ter informações sobre ameaça de debandada no PSDB e no DEM. "Os dois partidos estão firmes e fortes na base do governo", afirmou ele.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) precisou fazer ontem, porém, uma operação "segura base" para pedir apoio a Temer. "Conclamamos os aliados para continuarmos acelerando as reformas. A cereja do bolo é a Previdência e tem de ser perseguida, mas, se não chegar, paciência. Ficará para a próxima gestão", disse.
Na prática, as conversas sobre a possível substituição de Temer estão sendo feitas com cautela. Se ele renunciar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumirá o cargo por 30 dias. Depois desse prazo é realizada eleição indireta pelo Congresso. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Vera Rosa e Marcelo de Moraes).