O PMDB de Minas Gerais deve discutir nos próximos dias a filiação do senador Zezé Perrella em seus quadros. A adesão não havia agradado à bancada do partido na Assembleia e, depois dos últimos fatos que vieram à tona com a delação dos executivos da JBS, os parlamentares reativaram as articulações internas de um grupo que quer ver o colega de Brasília pelas costas.
A queixa é que a filiação foi acertada apenas pelo presidente do PMDB no estado, o vice-governador Antônio Andrade, sem obedecer a uma regra pela qual a Executiva tem de ser ouvida sempre que forem filiadas pessoas com mandato. “Desde outubro o presidente não convoca reunião, mas vejo um movimento dos deputados de pedir a autoconvocação e colocar esse assunto em pauta. Agora as coisas ficaram mais claras, o PMDB filiou o Perrella em uma articulação do senador afastado Aécio Neves”, afirmou um integrante da Executiva que preferiu o anonimato.
Outro membro da Executiva, o deputado estadual João Magalhães, confirmou que a saída de Perrella é uma alternativa. “Desde o anúncio da filiação do senador, há enorme mal estar no partido em razão de haver sido descumprida a norma de prévia aprovação pela executiva. Os novos fatos demonstram que tal filiação foi motivada por articulação externa ao partido.
Bancada não apoia filiação
Na sexta-feira, a bancada do PMDB na Assembleia divulgou nota informando que “não apoia a filiação do senador Zezé Perrela ao partido” e para reforçar que havia dito isso no dia 31 de janeiro. Na ocasião, os parlamentares declararam em nota que “na raiz desses sentimentos, está tanto o caráter controverso da figura do próprio senador, quanto ao fato de que a Executiva Estadual não ter sido ouvida a respeito de sua suposta filiação”.
Na falta de convocação pelo presidente, o deputado estadual Ivair Nogueira recolheu assinaturas suficientes para chamar a reunião. Depois disso, o parlamentar diz que Antônio Andrade lhe garantiu que vai chamar a reunião. Segundo o parlamentar, o encontro será para discutir “vários assuntos”, sendo um deles a filiação de Perrella.
“Quando os deputados Douglas Mello, Tiago Cotta e Isauro Calais vieram para o PMDB foi porque houve autorização da bancada. Qualquer político filiado só entra no partido se tiver o aval da Executiva e a bancada coloca isso como uma discussão não por ser o Perrella ou por qualquer fato que tenha ocorrido com ele”, disse.
O líder do PMDB na Assembleia, deputado Tadeu Leite, reforçou a regra da Executiva de que não se pode filiar pessoas com mandato sem ouvir a maioria. “Na filiação dele não foi feita qualquer discussão, então contraria uma decisão da própria Executiva. Agora, só podemos tomar qualquer decisão depois que a Executiva se reunir”, disse.
Na delação do dono da JBS, Perrella é acusado de ter recebido a propina pedida pelo senador Aécio Neves (PSDB) por meio do assessor parlamentar Mendherson Souza Lima. O parlamentar fez um vídeo negando qualquer recebimento de dinheiro da JBS e exonerou o servidor.