O senador afastado Aécio Neves (PSDB) diz que não cometeu “qualquer crime” e afirma que seu maior erro foi se deixar enganar “por uma trama montada por um criminoso”. Em cerca de 4 minutos, o tucano faz defesa enfática dele, de sua irmã, Andreia Neves, e do primo, Frederico Pacheco e diz que tentará reestabelecer o mandato. O ministro Edson Fachin determinou o afastamento do senador do cargo.
Aécio foi gravado por Joesley Batista em negociação de pagamento de propina pelo empresário. Depois, o senador afastado foi alvo de ações controladas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Nessa segunda-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu da decisão do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, que negou a prisão preventiva de Aécio Neves (PSDB-MG).
"Não fiz dinheiro na vida pública. Esse cidadão armou uma encenação e ofereceu outro caminho. Um empréstimo de R$ 2 milhões. Esse dinheiro, é claro, seria regularizado por meio de contrato de mútuo. O criminoso queria era criar uma falsa situação que transformasse uma operação entre privados, que não envolveu dinheiro público, que não envolveu qualquer contrapartida, em um ato de aparência ilegal. Esses são os fatos. Esta é a única verdade. E reafirmo aqui de forma definitiva: não cometi qualquer crime”, disse o tucano em sua primeira declaração pública após a deflagração da operação.
Como justifica para o pedido de R$ 2 milhões feito a Joesley, Aécio argumenta que o que foi proposto ao empresário foi uma negociação envolvendo um imóvel da família. “Há cerca de dois meses, eu pedi à minha irmã, Andrea, que procurasse o senhor Joesley e oferecesse a ele a compra de um apartamento onde minha mãe vive há mais de 30 anos, herança de seu ex-marido e que havia sido colocado à venda. Com parte desses recursos eu poderia pagar a minha defesa em inquéritos que, tenho certeza, serão arquivados. E fiz isso porque não tinha dinheiro. Não fiz dinheiro na vida pública”, declarou.
O senador afastado também pediu desculpas pelo vocabulário usado na conversa gravada com Joesley. No áudio, Aécio aparece dizendo palavrões, o que também gerou reação negativa da opinião pública. “Errei ao utilizar, mesmo numa conversa particular, um vocabulário que não costumo usar e por isso eu peço desculpas. Mas o meu maior erro foi deixar me enganar numa trama montada por um criminoso”.
Para Aécio, os empresários donos da JBS fora,m os grandes beneficiados pelo que ele classificou como armação. Ao conseguir, em negóciação com a PGR, benefícios. “Nessa história, os criminosos não sou eu, nem meus familiares. Os criminosos são aqueles que se enriqueceram às custas do dinheiro público e que agora, nesse instante, lá no exterior, zombam dos brasileiros com os inacreditáveis benefícios que obtiveram. Eles, sim, têm que voltar ao Brasil e responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram”, declarou.