Segundo relatos de assessores do presidente, muitos servidores ligaram para os gabinetes do Palácio do Planalto, "desesperados", relatando a situação.
A decisão de Temer foi tomada após ele ouvir a opinião de pelo menos cinco ministros. "Foi uma decisão muito difícil", afirmou um dos assessores consultados por Temer. O ponto crucial foi a notícia de que os manifestantes colocaram fogo em prédios com pessoas dentro, segundo assessores.
Gravidade
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou à reportagem que Temer decidiu pelo emprego das Forças Armadas "diante da gravidade da situação e porque a Força Nacional não tem homens suficiente para proteger tantos prédios de imediato e a vida das pessoas".
O uso das tropas foi autorizado por meio de decreto presidencial, entre os dias 24 e 31 de maio, para a Garantia da Lei e da Ordem. Jungmann lembrou que esse mesmo instrumento foi usado nas Olimpíadas, Copa do Mundo, no Rio Grande do Norte e em Pernambuco. O ministro ressaltou ainda que a Polícia Militar do DF não conteve a confusão.
A operação prevê que as tropas federais fiquem nas ruas protegendo os prédios da Esplanada dos Ministérios. Inicialmente, 600 homens do Exército foram enviados à Esplanada. Outros 800 estavam de prontidão para serem chamados. O pedido inicial de Maia, de reforço à segurança por meio da Força Nacional, era inviável, segundo o Planalto, porque não existem homens suficientes disponíveis. Desde às 14h30, quando a situação começou a ficar crítica, o governo orientou os ministérios a serem esvaziados.
Jungmann, no pronunciamento no qual comunicou o uso das Forças Armadas, chegou a dizer que Temer decidiu pela medida atendendo a pedido do presidente da Câmara. "Sem ordem não há democracia", afirmou o ministro, salientando que "é inadmissível que isso aconteça na capital federal".
"A Polícia Militar não conseguiu conter os protestos e a destruição", disse à reportagem o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen. "No Ministério da Agricultura as pessoas estavam aterrorizadas, se sentindo ameaçadas", emendou o general, ao esclarecer que as tropas federais vão guarnecer os prédios públicos e, do lado de fora, a Polícia Militar do DF vai trabalhar na segurança pública. Avisou ainda que o governo quer identificar os presos para tomar medidas legais contra eles. Para Etchegoyen, "é inaceitável colocar fogo em um prédio com pessoas dentro". "Foram atos de delinquentes", prosseguiu o ministro do GSI.
A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Militar do Distrito Federal.
(Tânia Monteiro).