No Congresso Nacional, Jobim é apontado hoje como um dos três candidatos com mais chances de vencer uma possível eleição indireta. Os outros dois são o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Com um "concorrente" tucano, o ex-ministro procurou caciques do PSDB para ver o apoio que teria de parlamentares da sigla, caso se candidatasse a presidente.
Segundo interlocutores de Serra, Jobim não se coloca ainda claramente como candidato, mas não descarta apresentar uma candidatura. Desde a conversa entre o senador e o ex-ministro, aliados do parlamentar abordam tucanos e deputados de outros partidos para sondá-los se votariam em Jobim. O grupo do senador é, no PSDB, aquele no qual Jobim mais tem apoio. Amigos há anos, Serra e o ex-ministro chegaram a dividir o mesmo apartamento em Brasília, quando eram deputados federais, entre 1987 e 1994.
Unânime
Aliados dos três principais caciques do PSDB - Serra, o senador afastado Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, - avaliam que, se Tasso decidir ser candidato, o partido estará unido para apoiar o senador cearense. Nesse cenário, Jobim, Maia ou qualquer outro candidato não teriam grande apoio na legenda.
Interlocutores de Alckmin no Congresso dizem ainda ver com desconfiança uma possível candidatura de Jobim. Em caso de eleição indireta, tucanos afirmam que o candidato de consenso terá de se comprometer a não disputar reeleição em outubro de 2018, quando o governador paulista se articula para ser o candidato do PSDB à Presidência da República. "Alckmistas" dizem não confiar que o ex-ministro da Defesa cumpriria uma promessa nesse sentido.
Aliados de Alckmin também avaliam que a proximidade de Jobim com o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi ministro da Defesa, pode dificultar o apoio de alguns tucanos. O argumento é de que seria difícil explicar para seus eleitores que, como parlamentares, elegeram alguém ligado ao petista. Por outro lado, admitem que essa boa relação com o PT, maior partido da oposição, pode ajudá-lo a conseguir votos na esquerda.
Tucanos reconhecem ainda que, entre os três candidatos, Jobim é o que tem melhor interlocução com o Poder Judiciário. Além de ter sido ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de 1997 a 2006, indicado por FHC, ele teve influência na escolha de muitos ministros de Cortes superiores durante os governos Lula e Dilma, de quem foi ministro da Defesa entre 2007 e 2011. "Não dá para entrar alguém sem o aval do Supremo", disse um parlamentar tucano.
(Igor Gadelha).