Nos bastidores, Alckmin articula o nome do presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), para uma eleição indireta, garantindo em troca o apoio a sua candidatura em outubro de 2018. Ontem, o tucano chegou a defender publicamente o nome do senador e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para um eventual colégio eleitoral. O ex-presidente, no entanto, já afastou a possibilidade de concorrer.
Ao lado do prefeito João Doria, Alckmin participou hoje de um seminário organizado pela Prefeitura de São Paulo que reuniu prefeitos, vereadores e secretários de outras cidades e Estados para apresentar os programas realizados pelos governos dos tucanos.
'Não depende de nós'
Ao falar sobre a permanência ou não do PSDB do governo de Michel Temer (PMDB), Alckmin, mais uma vez, defendeu que o compromisso do partido não é com o governo, mas com o País. Ele evitou, no entanto, definir uma posição partidária antes do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vai ser retomado no dia 6 de junho.
"Nosso compromisso é com o Brasil, com as reformas, que são necessárias para retomar a atividade econômica. E não mudou a nossa posição em relação ao governo Temer, pelo contrário, diante da instabilidade estamos e ficaremos ajudando e aguardando os desdobramentos", disse o governador. "Muitas coisas não dependem de nós".
Além de defender a reforma trabalhista, Alckmin disse que apesar do cenário nacional conturbado é preciso garantir a aprovação de "dois ou três pontos" da reforma política até setembro deste ano, para que seja possível aprovar propostas que entrem em vigor nas próximas eleições presidenciais.
Afagos
Depois de passarem por uma semana de tensão e desencontros entre a Prefeitura e o governo estadual, Doria e Alckmin usaram o seminário para mostrarem que estão "lado a lado" e reforçarem o discurso que estão trabalhando juntos e que a relação não está abalada.
Sinalizando que houve um desgaste, Doria disse que a amizade dos dois não está ancorada "apenas na política", mas na amizade de 38 anos. "Uma história de 27 anos de amizade indivisível, inquebrantável, que fique claro aos meios de comunicações, aos deputados, vereadores e prefeitos que atenderam nosso convite para participar deste seminário", disse o prefeito em entrevista coletiva aos jornalistas.
Alckmin, por sua vez, reforçou as ações conjuntas de Estado e Prefeitura e fez uma brincadeira chamando o prefeito de São Paulo de "Geraldo Doria". (Daniel Weterman e Pedro Venceslau).