Sábado de visitas e articulações políticas no Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente Michel Temer. Depois de mais uma semana de crise política, o peemedebista recebeu quatro ministros para almoçar, sendo três deles do PSDB. Após as denúncias envolvendo os nomes de Temer e do senador afastado Aécio Neves (PSDB), ex-presidente nacional da legenda, o mandatário quer garantir o apoio dos ministros para tentar vencer as turbulências políticas e estabilizar seu governo. O ex-presidente José Sarney também esteve com Temer.
Participaram do encontro os tucanos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Bruno Araújo (Cidades) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores), além do general Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional). Aloysio Nunes e o general chegaram ao Jaburu acompanhados de suas mulheres, que foram recebidas pela primeira-dama, Marcela Temer. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, não esteve presente. A reunião durou cerca de três horas.
Um dos convidados, o chanceler negou que sua reunião no fim da tarde de sexta-feira com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, tenha sido para tratar de uma eventual sucessão de Temer. “Como vou tratar de transição, se sou membro do governo e apoio o presidente?”, questionou Aloysio Nunes. Segundo o ministro, a conversa foi para tratar de acordos internacionais.
Com o agravamento da crise após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, e a manifestação de quarta-feira em Brasília, que terminou em confronto e depredação, o Palácio do Planalto passou a semana tentando mostrar “normalidade”.
PSDB e DEM chegaram a ameaçar deixar a base, principalmente por pressão de parlamentares, mas decidiram esperar até o julgamento da ação contra a chapa Dilma-Michel, no dia 6 de junho.
O ex-presidente José Sarney também foi ontem ao Palácio do Jaburu, depois do almoço de Temer com os ministros. Sarney tenta articular diretamente o desfecho da crise, com conversas dentro e fora do PMDB. Ele chegou sozinho, acompanhado apenas do motorista. Depois do peemedebista, quem chegou ao palácio foi o secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, que não falou com a imprensa.
INCENTIVOS
Temer se encontrou durante a manhã com o deputado Júlio César (PSD-PI), no Palácio do Jaburu. O parlamentar disse que Temer estava “tranquilo”. A conversa, segundo ele, foi apenas sobre o projeto que trata da legalização dos incentivos fiscais dados pelos estados dentro da chamada guerra fiscal.
A Câmara pretende votar o projeto na próxima terça-feira, e o assunto é de interesse da bancada do Nordeste, da qual o deputado é coordenador. “O presidente estava tranquilo. Foi uma conversa de uns 10 minutos, e falamos especificamente do projeto da convalidação”, disse Júlio César.
Nesse momento, os ministros não haviam chegado ainda. O deputado negou que tenham falado sobre a crise envolvendo o presidente, mas Temer tem recebido vários parlamentares na tentativa de ainda votar a agenda do governo e mostrar uma certa normalidade na gestão. Júlio César disse que todos estão em compasso de espera.
Pela manhã, o governo anunciou um acordo com parlamentares sobre o Programa de Regularização Tributária (PRT), mais conhecido como Refis, que vinha sendo negociado há quatro dias. (Com agências)