Sobre um trio elétrico se revezaram, além de Caetano e Moura, músicos e atores como Milton Nascimento, Maria Gadú, Teresa Cristina, Criolo, Mano Brown, BNegão, Daniel de Oliveira, Sophie Charlotte e Serjão Loroza. O ato começou com discursos de políticos de partidos de oposição a Temer. A maioria comparou o movimento atual com a campanha pelas Diretas-Já, realizada entre 1983 e 1984.
A manifestação também contou com a presença de entidades sindicais, movimentos estudantis e partidos da oposição, como PSOL, PT, Rede e PC do B. Políticos fizeram discursos rápidos nos intervalos dos shows, exaltando a importância da pressão popular para a aprovação, no Congresso, de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê eleições diretas, no caso de um eventual afastamento do presidente.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AM) afirmou que se trata da pior crise do País desde a ditadura militar. "As melhores soluções para crises anteriores ocorreram quando o povo foi às ruas: foi isso o que derrubou o governo militar e que derrubou Collor (o então presidente Fernando Collor de Mello, que sofreu impeachment em 1992)", disse. Além dele, os deputados federais Wadih Damous (PT-RJ) e Alessandro Molon (Rede-RJ), além de Lindbergh Farias (PT-RJ), também discursaram.
Embora fosse um ato político, a maioria do público ignorou a presença dos parlamentares e quis saber mesmo de tietar os artistas.
Todos os cantores entoaram o coro "Fora, Temer" em algum momento de suas apresentações. Martnália foi além: cantou "Madalena do Jucu", famosa na voz de seu pai, Martinho da Vila, com o verso "fora, Temer/fora, Temer" no lugar de "Madalena, Madalena".
Quando subiu no trio elétrico, Caetano Veloso foi saudado aos gritos de "Fora, Temer" e emendou com a música "Podres Poderes". Mano Brown também alternou palavras de ordem com músicas que retratam a realidade da periferia.
As críticas aos políticos inspiraram até uma poesia, declamada pela poeta e atriz Elisa Lucinda. "Esse momento é crucial, nós estamos sendo violentados", afirmou, antes de declamar a poesia, sobre corrupção e falta de dinheiro para educação e saúde.
O público começou a se aglomerar na Avenida Atlântica no fim da manhã. Os grupos levavam bandeiras de entidades como Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, e cartazes. Partidos de esquerda mais radicais, como o PSTU, que têm sido ativos nos protestos contra Temer, não participaram do ato por divergências com outras entidades e partidos que ajudaram a organizar a manifestação.
O famoso jingle da primeira campanha de Lula à presidência, em 1989, ganhou nova versão. "Olê, olê, olê, olá / diretas, já", entoava o público, que também cantou "Um, dois três, quatro, cinco mil / queremos eleger o presidente do Brasil". As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fábio Grellet).