No final de junho, mais de 1.200 membros do Ministério Publico Federal votarão em três dos 8 candidatos. Concorrem à chefia do Ministério Público Federal os subprocuradores-gerais Carlos Frederico Santos, Eitel Santiago de Brito Pereira, Ela Wiecko Volkmer de Castilho, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Luiz Bonsaglia, Nicolao Dino, Raquel Elias Ferreira Dodge e Sandra Verônica Cureau.
Sete candidatos participaram em São Paulo do primeiro debate, que durou mais de três horas. Além da Lava Jato, os procuradores trataram de questões relativas ao Ministério Público Federal, como orçamento e previdência, e também sobre a relação institucional que um procurador-geral da República deve ter com os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
O encontro foi o primeiro antes da disputa pela lista tríplice que será enviada ao presidente Michel Temer (PMDB). Por problemas pessoais, Ela Wiecko não participou do encontro, mas enviou um vídeo a seus pares com um pronunciamento.
Mario Bonsaglia, segundo colocado na última lista tríplice - Rodrigo Janot ficou em primeiro -, em 2015, apontou "enormes desafios" e afirmou que, caso seja eleito, "antes de mais nada" vai garantir a continuidade da Lava Jato. "Manterei todo o apoio à força-tarefa de Curitiba e às outras forças-tarefas relacionadas e também manterei e reforçarei o grupo que atua na PGR em apoio ao procurador-geral nos casos de foro privilegiado", declarou.
Terceira colocada em 2015, Raquel Dodge citou um "momento ímpar na vida nacional" e prometeu "firmeza para prosseguir contra a corrupção e aplicação da lei a todos".
O vice-procurador-eleitoral Nicolao Dino lembrou que a corrida à cadeira de Janot ocorre em um momento "de grande tensão na sociedade brasileira". "Fundamental entender o papel do procurador-geral da República nesse momento em que tantas e importantes investigações se encontram em curso", declarou. "A Lava Jato continua e continuará sempre e deve ser assim, independentemente de quem vier a ser o procurador-geral da República."
Carlos Frederico Santos afirmou que fará sua gestão com dois lemas: "eficácia e eficiência e diálogo e cooperação". "A Lava Jato de Curitiba para mim desenvolve um trabalho espetacular", destacou. "Na PGR acho que tem que mudar questão de rotinas, algumas coisas. Nos últimos quatro anos, os resultados foram muito poucos. Ao contrário de Curitiba."
Eitel Pereira declarou seu compromisso "com o combate à corrupção" e com as operações que estão em curso. "Dentro do meu estilo, firme, sereno e preocupado."
Franklin Costa ressaltou o papel do procurador-geral da República, "a voz" da instituição e também citou a operação. "A Lava Jato a gente nem fala, porque já se sabe que vai prosseguir, os colegas que estão auxiliando vão permanecer, porque já conhecem esse tema."
Sandra Verônica Cureau seguiu a mesma linha dos colegas e se comprometeu a continuar e aprimorar a Lava Jato e "todas as operações que se sucederem". "Nunca deixei e nem vou deixar me intimidar."
Em vídeo, Ela Wiecko também destacou a repressão a crimes contra a administração pública. "Aqui chegamos à Lava Jato e a tantas outras operações que sacudiram o País e que, por fustigar as estruturas do poder político e econômico, têm suscitado críticas a atuação de membros do Ministério Público Federal e do procurador-Geral da República. O compromisso de quem suceder a Rodrigo Janot não pode ser outro senão de cumprir a Constituição e de proceder de acordo com o devido processo legal", afirmou.
A prerrogativa de escolher e indicar o procurador-geral da República é exclusiva do presidente, que não é obrigado a aceitar nenhum nome da lista tríplice eleita pela classe. A rotina de tirar da lista tríplice o chefe da instituição foi inaugurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mantida por sua sucessora Dilma Rousseff.
No período, ocuparam o posto de mandatários da instituição Claudio Fonteles (2003-2005); Antonio Fernando (2005-2009); Roberto Gurgel (2009-2013) e Rodrigo Janot. Todos foram os primeiros colocados na lista eleita pela categoria.
(Julia Affonso).