Sondados pelo governo Michel Temer para integrar os ministérios da Cultura e da Transparência, os deputados federais peemedebistas Newton Cardoso Filho e Rodrigo Pacheco informaram não ter interesse nos cargos. Enquanto o primeiro disse estar envolvido com a relatoria da Medida Provisória 766/2016, que institui o Programa de Regularização Tributária conhecida por Refis; Pacheco sustentou que em “hipótese alguma” deixará a presidência da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados. “Tenho esse compromisso”, disse.
“Esse tipo de compensação que não leva em conta nem o perfil nem o peso do ministério é um absurdo. Significaria machucar ainda mais a política mineira”, criticou o deputado federal Saraiva Felipe (PMDB)). Assim que os rumores de que o governo federal pretendia fazer o gesto de compensação a Minas Gerais, Newton Cardoso Filho e Saraiva Felipe foram até o líder da bancada do PMDB, Baleia Rossi (SP) e avisaram: “Diz para o presidente que se porventura ele se lembrar de Minas, pode ficar tranquilo que não estamos dispostos a aceitar o cargo. Passamos”.
São muitos os ressentimentos na bancada federal mineira, que depois de ter dado 41 dos seus 53 votos pelo impeachment de Dilma Rousseff, ficou a ver navios no primeiro escalão.
“Minas não deve aceitar. Temer faz pouco caso de Minas”, declarou ontem o ex-governador Newton Cardoso (PMDB). Quando da composição do ministério, Temer chegou a convidar o deputado federal Newton Cardoso Filho para o Ministério da Defesa mas recuou, depois de ter sido anunciada a indicação pela bancada federal. Se Temer vier a Minas será recebido a pontapé”, afirmou o pai Newton Cardoso à época.
Não foi a única vez em que Temer preteriu um nome do estado. O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB), que também nutria esperanças de compor o primeiro escalão, não foi chamado e ainda foi derrotado em articulações com o apoio de Temer para a eleição de Baleia Rossi na liderança do PMDB.
Também na eleição para a Vice-Presidência da Câmara, o mineiro Fábio Ramalho (PMDB) chegou ao segundo turno da disputa após derrotar Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel Vieira Lima e candidato oficial do PMDB, apoiado por Michel Temer.
Candidatura à revelia, Fábio Ramalho ainda venceu o deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), que retorna à Casa após deixar o Ministério da Justiça e recusar o Ministério da Transparência, recuperando a sua cadeira de deputado e deixando o suplente e “homem da mala” Rocha Loures (PMDB-PR) sem foro privilegiado.
Em fevereiro, na nomeação do ministro da Justiça, após a vaga aberta pela nomeação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal, Temer preteriu novamente Minas, não aceitando a indicação do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB). Optou por chamar Osmar Serraglio, como forma garantir mandato ao primeiro suplente Rocha Loures, seu amigo pessoal e, na ocasião, assessor da Presidência.