Ao defender a improcedência da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o advogado Flávio Caetano, que defende a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) no processo, usou uma declaração do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) gravada em uma conversa do tucano com o empresário Joesley Batista, da JBS.
"Lembra depois da eleição? Os filhas da p... sacanearam tanto a gente, vamos entrar com um negócio aí para encher o saco deles também", disse Aécio ao empresário.
O senador tucano afirmou também que o presidente Michel Temer (PMDB) pediu que o partido recuasse e retirasse a denúncia após o impeachment.
Para o advogado, isso deixa claro que o julgamento não pode resultar em uma cassação da chapa. "Foi publicada uma conversa do senador Aécio Neves com Joesley Batista e ele Aécio diz que entrou com essas ações para 'encher o saco', isso é o que nós já falávamos também perante à Justiça Eleitoral", disse o defensor de Dilma durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira. Para ele, as denúncias feitas pelo PSDB na corte eleitoral provocam questões já resolvidas pela Justiça Eleitoral na prestação de contas da campanha. Ao todo, foram movidas quatro ações pela cassação de Dilma Rousseff e Michel Temer na Corte, juntadas no mesmo processo.
'Contradições'
Durante a coletiva, o advogado afirmou que a defesa quer "trazer a verdade" sobre os depoimentos de Marcelo Odebrecht e do casal João Santa e Mônica Moura porque há "contradições". Segundo Caetano, assim como aconteceu com o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, que mudou a versão sobre o cheque de R$ 1 milhão doado à campanha, também aconteceria com os delatores se os depoimentos fossem devidamente apurados. "Não é com pressa que se chega à verdade", disse o advogado, alegando que os delatores forem colocadas "apressadamente" no processo.
Na tese da defesa, as afirmações de Marcelo Odebrecht e do casal Santana sobre pagamentos irregulares à campanha de Dilma e Temer são "falsas" e "mentirosas".
Uma das afirmações que a defesa contesta é quando João Santana alega que recebeu os pagamentos oficiais pelos trabalhos oferecidos na campanha "em dia" e as remunerações "não oficiais" em prazo atrasado. A defesa alega que todos os pagamentos feitos ao casal Santana foram oficiais e feitos atrasados, o que derrubaria as afirmações do delator.
De Marcelo Odebrecht, uma das "contradições" alegadas pelos defensores da petista é quando o empreiteiro diz ter pago caixa 2 em 2014 como contrapartida de favores do governo feitos à empresa em 2009. "Essa afirmação não para em pré porque em 2009 Dilma não era candidata, estava com câncer, não sabia nem se ia estar viva e nem imaginava que ia ser candidata no ano seguinte", afirmou Caetano.