O presidente Michel Temer (PMDB) disse que não teme uma eventual delação do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil. A declaração foi dada em uma entrevista à revista Istoé, publicada nesta sexta-feira (2/6).
“Acho que ele é uma pessoa decente. Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso”, afirmou Temer. “Agora, nunca posso prever o que pode acontecer se eventualmente ele tiver um problema maior e se as pessoas disserem para ele, como chegaram para o outro menino, o grampeador (Joesley): ‘Olha, você terá vantagens tais e tais se você disser isso e aquilo”.
Durante a entrevista, Temer também minimizou a debandada de alas aliadas e negou que esteja perdendo apoio. “O que vejo é muito achismo. E achismo, no sentido de que o governo paralisou, o país não vai para frente”, afirmou o presidente. E comparou a sua situação atual com a de Dilma Rousseff, às vésperas do impeachment.
“No impeachment da ex-presidente havia milhões de pessoas nas ruas. Esse é um ponto importante, não é? Segundo ponto: não havia mais apoio do Congresso Nacional. No meu caso, não. O Congresso está comigo. A oposição que se faz não é quanto ao conteúdo das reformas, mas uma oposição política. A situação é completamente diferente”, se defendeu.
Ele também falou sobre a possibilidade de trocar o comando da Polícia Federal, que atualmente está com Leandro Daiello, caso essa seja a decisão do novo ministro da Justiça, Jardim Torquarto. “Primeiro vou verificar qual é a perspectiva que ele, Torquato, tem em relação aos vários órgãos que existem lá no Ministério, incluindo a Polícia Federal. Quando ele me trouxer os argumentos eu vou examiná-los, mas a decisão é dele, avalizada por mim, sem dúvida nenhuma”.