O Ministério Público Federal (MPF), por meio da força-tarefa da Lava Jato no Rio, relata que os episódios de lavagem listados na denúncia se referem ao uso da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, ligada a Werneck, para dar aparência lícita ao pagamento de R$ 1,7 milhão em propina.
Os pagamentos realizados pela Survey ocorreram em função de benefícios recebidos pela FW Engenharia, de propriedade de Werneck, em contratos com o governo do Estado do Rio de Janeiro durante a gestão de Cabral, segundo a denúncia.
"Entre 2007 e 2014, o volume de contratos da empresa com o governo aumentou 37 vezes e incluiu obras expressivas, como a urbanização do Complexo de Manguinhos", diz o MPF em nota.
Segundo a denúncia, o responsável pela operacionalização dos pagamentos era Alberto Conde. "Os pagamentos eram realizados por orientação de Flávio Werneck, que depositava na conta do Survey, por meio da FW Engenharia, os valores que seriam depois repassados a outras empresas de fachada", segundo os procuradores.
O MPF defende que a Araras Empreendimentos, de propriedade de Susana Neves, era uma das empresas de fachada. As investigações identificaram, entre outubro de 2011 e dezembro de 2013, 31 depósitos bancários da Survey em favor da Araras, totalizando o pagamento de R$ 1.266.975.
Maurício Cabral, irmão do ex-governador, também teria sido um dos beneficiados. "Em 24 de novembro de 2011, foi identificado o depósito de um cheque emitido pela Survey em favor da Estalo Comunicação Ltda no valor de R$ 240 mil", diz o MPF. A Estalo é uma empresa de prestação de serviços de publicidade de propriedade de Maurício Cabral. O pagamento corresponde a quase 50% da receita bruta declarada pela Survey no ano de 2011, que foi de R$ 534.982.
(Mariana Sallowicz).