Até ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT achavam que Temer poderia ganhar uma sobrevida porque estava sendo mais rápido na reação às denúncias contra ele do que a oposição no ataque para derrubá-lo. Mesmo Lula sendo réu na Lava Jato, o diagnóstico no PT agora é o de que o cenário piorou muito mais para Temer e a oposição pode tirar dividendos políticos da nova turbulência no Planalto.
"O governo acabou", disse o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). "Até alguns dias atrás, o Planalto ficava contando voto para aprovar a reforma da Previdência e agora terá de contar voto para impedir o impeachment."
Os petistas estão convictos de que Rocha Loures fará uma delação premiada, embora Temer tenha dito duvidar dessa possibilidade. Após o acordo de colaboração firmado pela JBS com o Ministério Público, o deputado afastado foi flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil de um executivo da empresa.
"As provas são robustas e, se Temer conseguir escapar esta semana, vai ser um milagre", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE). "A tendência é que aumente o número de partidos que vai se afastar do governo e, então, a base aliada será corroída. O governo está sob forte cerco político."
O PSDB paulista convocou para a próxima segunda-feira uma reunião ampliada para discutir a crise. Temer conversou ontem com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, na tentativa de impedir que o PSDB paulista puxe um movimento de desembarque do governo.
"Independentemente de o TSE concluir ou não esse julgamento agora, a simples revelação do voto do relator do processo (Herman Benjamin), que, ao que tudo indica, será pela cassação, produzirá um abalo maior ainda no governo", disse Humberto Costa. "Com isso, será muito difícil a economia se recuperar."
Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a prisão de Rocha Loures "acelera" o movimento pela saída de Temer. "Prenderam o braço direito do presidente", afirmou Teixeira.
(Vera Rosa e Ricardo Galhardo).