Durante mais um embate entre os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tarde desta quinta-feira, Admar Gonzaga indicou que não sabe quanto tem na conta bancária. "Não olho saldo", afirmou ao debater com o colega Luiz Fux.
O assunto começou quando Fux contestou um dos argumentos da defesa da chapa Dilma-Temer, de que não havia controle sobre a origem dos recursos na campanha. “Quem ganha R$ 20 mil e tem R$ 600 mil na conta e não sabe de onde veio tem no mínimo cegueira deliberada.” .
Fux falava sobre o recebimento de propina quando questionou: "Tem um funcionário público, aí o saldo dele vai crescendo e ele não toma iniciativa de saber de onde vem os recursos. Isso é o quê? ." Foi quando o ministro Admar Gonzaga rebateu: “Pode ser alguém como eu, que não tem o hábito de consultar o saldo. Aí eu vou ao gerente e ele me explica. Se não for meu, não é meu.”
Na tréplica, Fux disse ter “dificuldade” de entender isso. O ministro questionou se os candidatos não sabem da entrada de dinheiro ilegal e Napoleão Nunes afirmou que no interior do Rio Grande do Norte, os vereadores não sabem.
O ministro-relator, Herman Benjamin, disse que os partidos políticos e candidatos usam a Justiça Eleitoral como uma “lavanderia insuspeita” na prestação de contas. Segundo o magistrado, a ação inicial não diz de onde saiu o dinheiro que as empresas doaram durante a eleição de 2014, mas “o relevante é quando o dinheiro sujo fica disponível”.
Benjamin disse que para cassar o mandato não nem mesmo necessário provar que o dinheiro era irregular. “Dinheiro limpinho não declarado também é ilícito eleitoral. ” .